Apesar de ter revolucionado o mundo quando surgiu, em menos de 100 anos de existência, o plástico tornou-se um verdadeiro problema ambiental, estando em todo o lado, da terra aos mares. Na Ilha de Moçambique, onde a economia local está centrada na pesca, o plástico acumula-se e uma nova fórmula nasceu para tentar controlar a questão.
É num estaleiro dos serviços municipais no centro da ilha que está uma oficina de reciclagem que quer transformar a poluição por plástico em objetos de valor.
Aqui, os montes de tampas, garrafas e todo o tipo de embalagens de plástico são limpos e separados para darem vida a novas peças. Máquinas especializadas trituram e moldam o material para depois nascerem mosaicos, azulejos, blocos e outros objetos.
Energia solar vai dar nova vida a plástico e vidro reciclados em Cabo Verde
Este projeto, que foi implementado pela organização não-governamental portuguesa Oikos (em parceria com a URB-África/UCCLA, entre outros), apoiado pelo Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, já conta com a participação da comunidade.
Os mais novos começam a ir até às portas da oficina carregados com plástico para vender e começa a surgir a ideia de que o plástico pode ganhar valor depois de retirado do ambiente e reciclado.
A oficina de reciclagem faz parte de uma estratégia de preservação dos recursos do mar que inclui projetos junto das comunidades para pôr fim à pesca desenfreada que está a acabar com o peixe nas águas da Ilha de Moçambique.
Efacec em projeto de €45 milhões para erguer central de produção de biogás
O objetivo dos projetos é ajudar as comunidades criar medidas de gestão de forma a recuperar os recursos pesqueiros que começam a desaparecer. Atualmente, há já barcos que já começam a chegar sem um único peixe.
Uma das zonas onde mais se sente o problema é em Cabaceira Pequena, uma aldeia piscatória em que a maior riqueza é o peixe que se apanha no mar.
Para conseguir proteger este bem, foram instauradas zonas de veda, áreas demarcadas com boias onde não se pode pescar durante um determinado período para que os peixes se possam reproduzir.
Quem não cumprir e for pescar nas zonas proibidas, paga uma multa que pode ir até aos 12 mil meticais (cerca de 177 euros).
A luta contra o plástico e a aposta na proteção do peixe são duas partes da mesma fórmula que tem como objetivo garantir que a população da Ilha pode continuar a viver do mar. Agora só o tempo permitirá ver se a receita tem realmente impacto e resultados positivos.