Temos más notícias para os fãs de cerveja: o planeta está cada vez mais quente e seco e, se nada for feito, esta bebida poderá deixar de ser produzida em breve. A Carslberg está ativamente a trabalhar para garantir que tal não acontece, estudando a genética das plantas que estão na receita de uma das bebidas mais consumidas no mundo.
Toda a indústria alimentar e das bebidas está a sentir o aperto das alterações climáticas. Cada vez são mais as plantações que não prosperam devido ao clima e a qualidade dos alimentos está a diminuir.
No caso da cevada, de onde vem o malte usado na cerveja, o calor tem um grande impacto na sua qualidade. Quanto mais quente o ambiente, mais o cereal produz proteína e cria cerveja com pouco álcool e sabor estranho.
A Carlsberg está a trabalhar ativamente para identificar e desenvolver cevada que seja resistente ao calor e à seca, sem perder as suas propriedades.
Anualmente, a Carlsberg produz mais de 14 mil milhões de litros de cerveja nas suas 84 fábricas espalhadas pelo mundo. O problema é que 16 destas estão em localizações que correm o risco de ter falta de água. Para piorar a situação, está a notar-se também falta de cevada.
Há vários anos que a empresa de cerveja faz investigação sobre a genética do cereal e do lúpulo, uma planta que ajuda a dar o sabor amargo à cerveja, tendo em 2017 publicado o genoma do primeiro e estando a preparar-se para o genoma do segundo.
O objetivo da Carlsberg é simples: criar melhor cevada. Para tal, cientistas estão constantemente a analisar o ADN de exemplares do cereal de várias partes do mundo.
Em declarações à Bloomberg, um representante do laboratório de investigação da empresa salientou que já conseguiram identificar as mutações na cevada que estão ligadas à tolerância à seca.
Uma das variantes encontradas é fresca, usa pouca água e garante uma espuma resistente na cerveja. Esta vai ser agora cruzada com outra que é mais resistente à seca. Se resultar, pode nascer numa nova variante que poderá ser plantada e prosperar em climas quentes e secos.
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A empresa já tem seis patentes registadas relacionadas com as variantes do cereal e está a aguardar a aprovação de tantas outras.
Apesar de ter por hábito partilhar os resultados da sua investigação, há organizações que se têm oposto à aprovação das patentes, como a associação alemã sem fins lucrativos No Patents on Seeds! que refere que o trabalho da Carlsberg não pode ser considerado inovação tecnológica, mas sim reprodução normal.