A energia eólica offshore está em crescimento em Portugal, mas nem todos estão a favor. Pescadores, armadores, associações e sindicatos do setor insurgiram-se por acreditarem que não estão a ser ouvidos no processo de criação de cinco áreas de exploração no mar para a implantação de turbinas eólicas.
Cerca de 30 profissionais da pesca marcaram presença esta quinta-feira, 9 de março, na audiência pública promovida pelo Governo para recolher sugestões e contributos para a proposta preliminar de criação de cinco áreas de exploração de energia eólica na costa de Viana do Castelo, Leixões, Figueira da Foz, Ericeira-Cascais e Sines.
Os pescadores acusam o secretário de Estado do Mar de estar a conduzir mal o processo, não tendo ouvido o setor, e salientam que se o projeto for para a frente nos moldes em que está, será a morte da pesca, já que haverá menos peixe e o preço vai duplicar. Alertam ainda que o impacto económico-social será muito grande.
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Durante a audiência, houve quem referisse que 50% das embarcações de pesca costeira podem desaparecer e mesmo que se fale em indemnizações, “os pescadores não estão à venda”, disse Manuel Marques, da Associação de Armadores de Pesca do Norte, citado pela Lusa.
Pedro Jorge, da Associação de Armadores de Pesca Industrial, afirmou que a pesca ficou esquecida apesar desta ser responsável por dois mil milhões de euros de exportações. Acrescentou ainda que, apesar de saber que a transição energética tem de avançar, é importante ter consciência de que não pode ser a qualquer custo e que é essencial conciliar, compatibilizar e minimizar impactos.
O Diretor-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, José Simão, e a secretária de Estado da Energia e Clima, Ana Fontoura Gouveia, que marcaram presença, acalmaram os pescadores referindo que ainda vão ouvir os contributos do setor da pesca para melhorar a proposta.
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Salientaram ainda que o processo está apenas no início e que o plano de afetação das áreas especializadas não está fechado.
Os leilões para os espaços que estão a ser criados na costa de Viana do Castelo, Leixões, Figueira da Foz, Ericeira-Cascais e Sines, não serão todos lançados de uma só vez.