Opinião
Dalila Antunes
Dalila Antunes é Psicóloga Social e Ambiental e tem mais de 20 anos de experiência. Integra projetos que visam aumentar a sustentabilidade e resiliência das comunidades, em diferentes setores, alguns financiados por entidades internacionais (EC, WB, BAD, IFC...). É sócia fundadora do INTEC.

Um passo sustentável para a saúde dos cidadãos

De acordo com a AEA, em Portugal, ocorrem cerca de 6.000 mortes prematuras por ano provocadas pela poluição atmosférica
Texto
Dalila Antunes, INTEC (foto: divulgação)
Dalila Antunes, INTEC (foto: divulgação)

Nos últimos anos, a poluição atmosférica tem vindo a ser considerada um dos mais graves problemas de saúde pública. Apesar dos vários alertas que entidades como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Agência Europeia do Ambiente (AEA) têm dado, muito há ainda a fazer.

Segundo os resultados do estudo do jornal The Guardian, em colaboração com o Instituto Suíço de Saúde Pública e Tropical e a Universidade de Utrecht, cerca de 98% dos europeus vivem em zonas com concentrações de partículas finas no ar além do recomendado pelas diretrizes da OMS. O mesmo estudo indica que 30 milhões de europeus vivem em áreas nas quais a concentração de partículas finas é quatro vezes superior ao recomendado. Em Portugal, a média anual de partículas é de aproximadamente oito, sendo que a diretiva da OMS se situa no limite de cinco microgramas.

Este cenário é, de facto, preocupante, ou não fossem as partículas PM 2.5 as mais prejudiciais para a saúde, já que, ao penetrarem nos pulmões e no sistema sanguíneo, podem provocar doenças respiratórias, doenças cardiovasculares e, até mesmo, cancro. De acordo com a Agência Europeia do Ambiente (AEA), em Portugal, ocorrem, anualmente, cerca de 6.000 mortes prematuras provocadas pela poluição atmosférica.

partículas - away
Efeitos nocivos das ultrapartículas na saúde humana (foto: divulgação)

Tendo em conta a urgência do tema, no início de setembro, o Parlamento Europeu votou a favor da adoção das diretrizes da OMS, que reduz o limite das PM2,5 para 5 µg/m3 (microgramas por metro cúbico). Uma situação que requer uma ação conjunta de todos os países e municípios para melhorar a qualidade do ar.

Neste momento, dezassete parceiros de oito países, incluindo o Instituto de Tecnologia Comportamental (INTEC) e o Metro de Lisboa, estão a trabalhar na implementação do Projeto Europeu AeroSolfd, cofinanciado pela Comissão Europeia, e que tem como objetivo desenvolver soluções de modernização para diminuir os efeitos nocivos para a saúde e para o ambiente das emissões relacionadas com os transportes, uma vez que é um dos setores que mais contribui para a emissão de partículas finas.

Neste sentido, o projeto procura desenvolver três soluções de baixo custo para reduzir as PM2,5: ao nível dos catalisadores dos automóveis a gasolina, a solução passa por desenvolver um catalisador com sistema de captação de partículas; ao nível dos travões, procura-se desenvolver um filtro de partículas de pó; e nos ambientes (semi) fechados, irá ser instalada uma tecnologia de captação de PM 2,5 a ser testada nas estações do Metro de Lisboa.

Tendo em conta os países envolvidos no projeto, espera-se que esta cooperação internacional permita uma rápida implementação das soluções desenvolvidas, com o objetivo de que as pessoas na Europa, e não só, possam desfrutar de uma mobilidade mais ecológica e de um ar urbano mais limpo, já em 2025.

Dalila Antunes escreveu esta crónica a convite da AWAY Magazine

Continuar a ler
Descobre o teu mundo.
Recebe a nossa newsletter semanal.
Home
Volvo Cars já tem duas fábricas ambientalmente neutras
Dobrável e de carga, esta bicicleta elétrica é perfeita para a família
Renováveis: energia eólica com maior crescimento de sempre em 2023