Sustentabilidade

Alterações climáticas: Irlanda quer abater 200 mil vacas até 2025

Produtores de vacas leiteiras e agricultores contestam decisão do governo irlandês de abater vacas
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Vacas a pasta na Irlanda (foto: Conor McCaughley/Anadolu Agency/GettyImages)
Vacas a pasta na Irlanda (foto: Conor McCaughley/Anadolu Agency/GettyImages)

Durante o processo digestivo as vacas arrotam e emitem gases (flatulência) em grandes quantidades e volume. Nesse ato, as vacas emitem fortes concentrações de gás metano, um poderoso gás de efeito de estufa que se estima ser cerca de 20 vezes mais prejudicial para a atmosfera do que o dióxido de carbono. Agora há um governo que alegadamente está disposto a abater animais para resolver o problema.

Os dados sobre as emissões de gases das vacas, estudados e publicados em fontes académicas e científicas há vários anos, são partilhados por vários especialistas, existindo inclusive estudos desde o início do milénio que indicam a probabilidade das emissões dos gases de várias explorações pecuárias serem mais prejudiciais ao ambiente do que as emissões dos carros a nível mundial.

E o problema não é “apenas” o metano, já que as vacas, neste processo digestivo emitem ainda nitrogénio e dióxido de carbono, gases também relacionados com problemas ambientais. Talvez por isto alguns governos pensam em agir sob a forma de taxas, mas outros recorrendo a ações mais musculadas como parece ser agora o caso do governo irlandês.

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Leite de vaca em exploração na Irlanda (foto: Conor McCaughley/Anadolu Agency/GettyImages)

Governo irlandês quer abater 200.000 vacas

Diversas fontes de informação local relataram no início do mês de junho de que o governo de Dublin teria um plano para reduzir o número de vacas, procedendo a um abate de 200 mil animais nos próximos três anos, como medida radical para combater as emissões de gases e as alterações climáticas.

O Irish Mirror, um dos primeiros a contar a história, revela que o abate das vacas poderá impactar um custo de 600 mil euros para os contribuintes locais o que desde logo motivou críticas de algumas associações que defendem que o dinheiro seria melhor aplicado em investigação.

A Associação Irlandesa de Produtores de Leite (ICMSA - Irish Creamery Milk Suppliers Association) manifestou o seu desagrado opondo-se frontalmente a esta medida e propondo que seja um esquema de abate voluntário. De acordo com o citado pela imprensa irlandesa, os prejuízos para o setor e para os produtores seriam incalculáveis face aos investimentos que existem em curso.

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Vacas em exploração pecuária (foto: Artur Widak/NurPhoto/GettyImages)

O Irish Times publicou que existem cerca de mais 40% de vacas leiteiras do que há 10 anos atrás, mas, em resposta, a ICMSA afirma que o tamanho das manadas mantêm-se estável há mais de três décadas e que a correlação com as alterações climáticas carece de mais estudos científicos. Os produtores acrescentam ainda que uma grande redução do número de animais para produção de carne poderia levantar questões sobre segurança alimentar.

Quanto à posição do governo irlandês e talvez ciente da polémica entretanto criada, já veio responder, pela voz dos responsáveis pelo Ministério da Agricultura, de que o plano, é ainda isso mesmo, um plano que está em estudo, como tantos outros, e que ainda não há decisões definitivas tomadas. No entanto à imprensa local, responsáveis do Departamento de Agricultura vieram a publico defender que os agricultores tomassem a iniciativa, para reduzir o número de vacas leiteiras, num claro sinal de que defendem a ideia.

No cerne disto, as vacas parece que vão fazer manchetes de jornais durante algum tempo, ainda que até mesmo na União Europeia existam já estudos para mitigar o efeito dos gases nesta exploração.

 

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