Sustentabilidade

Cangurus bebé podem vir a salvar o consumo de carnes vermelhas

Nova investigação descobre que excrementos dos pequenos marsupiais ajudam a reduzir a produção de metano em vacas
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Mãe canguru com a sua cria (foto: M. Stoop/ Unsplash)
Mãe canguru com a sua cria (foto: M. Stoop/ Unsplash)

Uma nova investigação descobriu que as fezes de cangurus bebé podem ajudem ajudar a reduzir a quantidade de metano produzido pelas vacas. O gás incolor é um dos principais contribuintes para o aumento do efeito de estufa.

Investigadores da Universidade do Estado de Washington, nos Estados Unidos, colocaram num simulador de estômago de vaca uma cultura microbiana desenvolvida a partir das fezes de canguru bebé, juntamente com um inibidor de metano.

A experiência permitiu-lhes constatar que o estômago simulado produziu ácido acético em vez de metano, este um gás libertado como flatulência por animais bovinos e caprinos que tem levado diferentes organizações a apelar à diminuição do consumo de carne vermelha.

Vacas em pastagem - AWAY
Vacas em pastagem (Foto: Tim Graham/Getty Images)

Ao contrário do metano, o ácido acético tem benefícios para as vacas, uma vez que ajuda ao crescimento muscular, sublinham os investigadores, cujo trabalho foi publicado na revista Biocatalysis and Agricultural Biotechnology.

Conscientes da enorme popularidade da carne vermelha em quase todo o mudo, os cientistas envolvidos no estudo preocuparam-se em encontrar uma solução para mitigar o problema das emissões de metano libertado pelo gado.

O metano é considerado o segundo gás que mais contribui para o efeito de estufa e é cerca de 30 vezes mais potente a aquecer a atmosfera do que o dióxido de carbono. Pensa-se que mais de metade do metano libertado para a atmosfera provém do sector agrícola, sendo que os animais ruminantes são os principais responsáveis.

Cangurus e crias - AWAY
Cangurus e crias (foto: D. Clode/ Unsplash)

A eficácia da adição da cultura microbiana produzida a partir das fezes de canguru na redução do metano revelou-se especialmente interessante e encorajadora, tendo em conta que os investigadores já haviam tentado mudar a dieta das vacas, bem como dar-lhes inibidores químicos para parar a produção de metano, mas sem sucesso.

Constatou-se que as bactérias produtoras de metano rapidamente se tornam resistentes aos químicos e nem mesmo o desenvolvimento de uma vacina se revelou eficaz, já que existem demasiadas variedades das bactérias produtoras de metano em todo o mundo.

Depois de testarem o método num estômago simulado, os investigadores esperam agora fazê-lo também em vacas vivas. O futuro dirá se está aqui a solução para que os apreciadores de carne vermelha possam continuar a desfrutá-la sem que tal ponha em causa a saúde do planeta.

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