Sustentabilidade

Fenómenos de seca mais frequentes exigem maior planeamento do país

Investigadora diz serem necessários planos de adaptação às alterações climáticas perante diferentes cenários
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Seca implica novas práticas na agricultura (Foto: M. Tuna/ Unsplash)
Seca implica novas práticas na agricultura (Foto: M. Tuna/ Unsplash)

As temperaturas elevadas e a seca têm vindo a afetar o nosso país com mais intensidade nas últimas semanas.

São fenómenos provocados pelas alterações climáticas, cuja tendência é tornarem-se cada vez mais frequentes, avisam os especialistas. Por isso, a prevenção é mais importante do que nunca, adverte a cientista Joana Portugal Pereira, escutada pela agência Lusa.

Desde a sociedade civil aos setores da agricultura e até da indústria, são muitos os que sofrem na pele os efeitos da seca. O provável aumento da sua frequência no futuro implica, pois, um planeamento atempado.

É essencial implementar planos de adaptação às alterações climáticas setoriais e regionais que avaliem especificamente a vulnerabilidade a que estaremos expostos em diferentes cenários de aquecimento global (1,5ºC, 2ºC, 3ºC e 4ºC)”, frisa a professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no Brasil.

Relativamente aos sistemas alimentares, Joana Portugal Pereira alerta para a necessidade de adotar práticas mais eficientes no uso de recursos hídricos e de reutilização de água no setor agroalimentar. E chama a atenção para a importância de se estabelecerem cadeias de abastecimento mais curtas, no sentido de reduzir a vulnerabilidade do acesso a alimentos em casos de eventos extremos.

Ainda no domínio do cultivo, a também autora do relatório sobre mitigação do Painel Internacional para as Alterações Climáticas (IPCC na sigla original) sugere a adoção de uma agricultura de precisão, a adaptação das culturas e do uso do solo, e mais sombra, nomeadamente através do olival não intensivo.

Sobre o facto de o aquecimento global ser uma consequência do aumento de emissões de gases com efeito estufa provocado pela atividade humana, a investigadora frisa que isso é uma evidência, patente nos últimos relatórios do IPCC.

Concretamente sobre a região do Mediterrâneo, Joana Portugal Pereira crê que anualmente esta pode ter entre 14 e 17 dias de temperaturas acima de 40ºC, caso se verifique um aumento da temperatura global próxima dos 3 ou 4ºC. A investigadora admite que esta região pode já ter um aumento médio da temperatura superior a 1,1ºC.

Sobre o futuro, a professora da UFRJ diz ser “uma otimista realista”, lembrando que o aumento das emissões na última década foi inferior ao verificado na década anterior entre 2000 e 2010.

“Caminhamos no sentido correto, mas lentamente. Estamos muito aquém do que seria desejado, mas há alguns anos estávamos muito mais próximos de cenários mais pessimistas”, sublinha Joana Portugal Pereira em declarações à Lusa.

(Fotos: E. Akyurt e D. Boca/ Unsplash)

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