Muito se fala sobre a necessidade de se reduzir as emissões de gases de efeito de estufa para se conseguir travar as alterações climáticas. Mas a questão que se impõe é: o que se pode fazer com o dióxido de carbono que já circula na nossa atmosfera e que não para de chegar? A solução poderá passar pela captura de CO2.
A empresa suíça Climeworks aposta na construção destas infraestruturas, avançando agora para a sua segunda unidade de captura direta de ar e armazenamento (DAC na sigla em inglês), a Mammoth.
A Mammoth entrou agora em construção na Islândia e deverá ficar pronta a iniciar operações em 18 a 24 meses. Será a maior instalação da Climeworks.
Esta unidade será composta por vários coletores com uma ventoinha que puxam o ar. Um filtro no interior consegue reter o dióxido de carbono, deixando o ar limpo sair. De seguida, os coletores são fechados e aumenta-se a temperatura interna para 80 a 100ºC, o que permite libertar o dióxido de carbono e recolhê-lo.
Graças a uma parceria com a Carbfix, o dióxido de carbono é transformado em pedra e armazenado permanentemente no subsolo nas imediações da Mammoth.
Este tipo de unidades implica uma grande quantidade de energia e, por isso, para evitarem ter uma grande pegada ecológica - o que acabaria por anular o seu propósito - devem utilizar apenas eletricidade de origens renováveis. No caso da Mamoth, a energia utilizada é de origem geotérmica e é fornecida pela ON Power Geothermal Park.
Esta não é a primeira unidade do estilo da empresa suíça. Em setembro de 2021 inauguraram, também na Islândia, a Orca (ver galeria), que a Climeworks referia ser a primeira instalação de remoção de dióxido de carbono de grandes dimensões, com uma capacidade de captura de 4 mil toneladas de CO2 por ano.
A Mammoth, quando estiver totalmente operacional, será ainda maior. De acordo com a empresa, conseguirá capturar 36 mil toneladas de CO2 por ano, nove vezes mais do que a mais pequena Orca. De acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, esta quantidade de CO2 é o equivalente às emissões anuais de pouco mais de sete mil veículos a gasolina.
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Apesar de poderem a vir a ser uma solução para um futuro mais sustentável, a verdade é que ainda há poucas unidades DAC no mundo. Em 2021, a Agência Internacional de Energia lançou um relatório em que referia que existiam apenas 19 instalações de captura de CO2 no mundo inteiro, sendo que todas elas eram de pequenas dimensões.
A Mammoth não terá um grande impacto na limpeza do ar, mas irá demonstrar que é possível ter instalações de captura de dióxido de carbono de maiores dimensões. Poderá também representar o primeiro passo num novo leque de infraestruturas do género por todo o mundo.
(Fotos cortesia Climeworks)