O lixo espacial já se está a tornar um problema para os satélites e há uma empresa em Coimbra que está a tentar minimizar o problema. A Neurospace criou uma ferramenta que deteta o risco de colisão de 300 satélites com o lixo espacial.
Esta ferramenta, ao fazer a monitorização diária, permite detetar com precisão o lixo espacial, prever colisões e sugerir manobras de evasão.
Em declarações à agência Lusa, Carlos Cerqueira, diretor de desenvolvimento de negócio da Neuraspace explicou que o software criado há cerca de um ano reúne o maior número de dados possíveis e alia a inteligência artificial e o machine learning, permitindo um grau de precisão muito superior ao de métodos tradicionais.
Lixo espacial: quando sujamos além dos limites da Terra
Sempre que há um objeto em volta dos satélites, é emitido um alerta consoante o grau de gravidade que permite que o operador se concentre apenas nas situações de risco elevado. É ainda apresentado aos operadores algumas propostas de manobras que têm em atenção o facto de a órbita sugerida não colocar o satélite em rota de colisão com outro objeto.
A ferramenta permite que os operadores de satélite não executem manobras desnecessárias e evita prejuízos elevados. “Não só porque o combustível dos satélites é finito, mas também porque enquanto se realiza uma manobra de evasão o serviço que o satélite está a prestar é interrompido. E nós estamos cada vez mais dependentes, no bom sentido, destes serviços”, informou.
Se em 1957 tínhamos um satélite no espaço, o Sputnik, hoje são cerca de 8 mil. Em 2030, prevê-se que sejam cerca de 100 mil ou até mais.
Os detritos espaciais circulam a cerca de 25 mil quilómetros por hora e há mais de 36 mil objetos com mais de 10 mil centímetros, um milhão com um a dez centímetros e 130 milhões de objetos com menos de um centímetro. Qualquer pedacinho, por mais pequeno que seja, passa como uma bala e pode destruir qualquer ativo.
De acordo com o diretor de desenvolvimento de negócio da Neuraspace, quando um objeto de dez centímetros choca com um satélite, os danos causam mais uma centena de detritos e geram “um efeito exponencial”.