A neutralidade carbónica é um tema na ordem do dia na indústria automóvel, mas os desafios que se avizinham no cumprimento das metas traçadas pelos construtores podem ser difíceis de ultrapassar.
O tema é controverso, desde logo porque várias organizações são da opinião de que os fabricantes devem assumir o compromisso de fazer a transição para uma gama completa de veículos elétricos, quaisquer que sejam as circunstâncias envolventes, enquanto estes argumentam que essa transição está dependente de condições que estão fora do seu controlo.
Um relatório divulgado na semana passada pela empresa de consultoria Boston Consulting Group indica que, pelo menos, 90% dos veículos de passageiros novos e 70% dos pesados têm de ser elétricos até 2030, a fim de se cumprirem os objetivos climáticos.
Contudo, a maioria dos construtores tem mantido uma posição cautelosa e poucos se comprometem em ter uma gama 100% elétrica por essa altura, com exceção da Volvo, da Bentley, da Mini e da Ford Europa, para citar alguns exemplos.
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A Daimler, proprietária da Mercedes, prefere dizer que está pronta para se tornar totalmente elétrica em 2030 caso as condições de mercado assim o permitam. A BMW tem uma postura semelhante, como confirmou à AWAY a sua diretora de estratégia corporativa de sustentabilidade, Kerstin Meerwaldt, numa passagem por Lisboa (sabe mais aqui).
Um dos principais desafios para se atingir a neutralidade carbónica prende-se com a infraestrutura de carregamento, mas também a necessidade de eliminar os veículos movidos a combustíveis fósseis e a redução das emissões na produção de baterias.
Assegurar a construção de sistemas de armazenamento de energia renovável, como forma de assegurar que a energia utilizada para carregar veículos elétricos é proveniente de fontes renováveis, é outra das preocupações de toda a indústria automóvel, a qual é responsável por cerca de 18% por cento de todas as emissões de carbono a nível mundial, de acordo com a Agência Internacional de Energia.
Os fabricantes de automóveis e os governos estão, pois, obrigados a encontrar, em conjunto, respostas para estes problemas, nomeadamente através do investimento na produção de baterias mais amigas do ambiente e na criação de redes de carregamento abastecidas por fontes de energias verdes.
(Fotos: BMW e R. Bye, M. Hopman e A. Gocklhorn/Unsplash)