Opinião
Pedro Rutkowski
Pedro Rutkowski, CEO da Worx - Real Estate Consultants, atua no mercado imobiliário há mais de 20 anos. É responsável pelo desenvolvimento e operação da empresa nos mercados local e internacional.

A sustentabilidade do mercado imobiliário resume-se à descarbonização?

Os developers imobiliários e investidores precisam de reconhecer os benefícios financeiros das práticas sustentáveis
Texto
Pedro Rutkowski, CEO Worx (foto: divulgação)
Pedro Rutkowski, CEO Worx (foto: divulgação)

O conceito de sustentabilidade tornou-se cada vez mais importante em várias indústrias e o mercado imobiliário não é exceção; à medida que o mundo enfrenta o desafio das mudanças climáticas e da falta de recursos, o foco na descarbonização tem dominado as discussões sobre sustentabilidade no setor imobiliário. No entanto, é essencial ampliar a nossa perspetiva e reconhecer que a sustentabilidade do mercado imobiliário vai além da mera descarbonização.

Indiscutivelmente a aposta na descarbonização neste segmento é fundamental: os edifícios são responsáveis por uma parcela significativa das emissões globais de carbono (39% a nível mundial), tornando a arquitetura, o design e a construção, se energeticamente eficientes, num fator crucial de sucesso. Implementar fontes de energia renovável, melhorar o isolamento e otimizar os sistemas de gestão de energia são formas eficazes de reduzir a pegada de carbono. No entanto, dirigir todos os esforços apenas para a descarbonização significa ignorar outros fatores ambientais cruciais, como a gestão da água e dos recursos, a redução de resíduos e a conservação da biodiversidade. Práticas imobiliárias sustentáveis exigem a consideração de todos os aspetos para garantir a viabilidade ambiental a longo prazo.

A sustentabilidade não deve ser vista como um obstáculo ao crescimento económico, mas sim como um catalisador para a viabilidade económica a longo prazo.

Os developers imobiliários e investidores precisam de reconhecer os benefícios financeiros das práticas sustentáveis. Edifícios energeticamente eficientes não reduzem apenas os custos operacionais, mas também atraem inquilinos e compradores que dão prioridade à sustentabilidade, e são cada vez mais. Além disso, incorporar técnicas de design e construção sustentáveis pode aumentar o valor de mercado dos ativos, contribuindo para a sua resiliência a longo prazo. Ao abraçar a sustentabilidade, é possível obter ganhos financeiros e uma vantagem competitiva no mercado imobiliário.

O mercado imobiliário deve abraçar a inovação tecnológica para alcançar os objetivos de sustentabilidade. Edifícios inteligentes equipados com sistemas avançados de monitorização e controlo podem otimizar o consumo de energia, melhorar o conforto e reduzir o desperdício. A integração de dispositivos de IoT e a análise de dados permite a monitorização em tempo real e a otimização do desempenho, resultando numa utilização mais eficiente dos recursos. Além disso, materiais e técnicas de construção inovadoras, como a construção modular e materiais sustentáveis, podem reduzir os impactos ambientais e aumentar a sustentabilidade geral de qualquer projeto imobiliário.

Para promover a sustentabilidade no mercado imobiliário, são indispensáveis eficazes políticas de apoio e de governance.

Os governos podem e devem incentivar os promotores a adotar práticas sustentáveis através de benefícios fiscais, subsídios e processos de licenciamento simplificados. Os códigos de construção e regulamentos devem beneficiar em primeiro lugar a eficiência energética, os padrões ambientais e a acessibilidade. A colaboração entre os setores público e privado, juntamente com o envolvimento das partes interessadas são vitais para moldar políticas que promovam a sustentabilidade e garantir a sua implementação efetiva.

Embora a descarbonização seja, sem dúvida, um aspeto crucial da sustentabilidade no mercado imobiliário, é essencial adotar uma abordagem holística que considere a natureza multidimensional da sustentabilidade. Considerações ambientais, aspetos sociais, viabilidade económica, inovação tecnológica e governance terão de ser parte integrante da prática imobiliária de um futuro que tem de começar já.

 

Pedro Rutkowski escreveu esta crónica a convite da AWAY Magazine

 

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