Sustentabilidade

Como inovar e assegurar uma economia mais circular e sustentável

Decorreu a 18 de outubro a 2.ª sessão dos Eco Encontros El Corte Inglés com o apoio da AWAY Magazine
Texto

A circularidade esteve em destaque na 2.ª sessão dos Eco Encontros dedicados à sustentabilidade, uma iniciativa do El Corte Inglés em colaboração com a AWAY Magazine.

A sala de Âmbito Cultural do El Corte Inglés em Lisboa recebeu na passada quarta-feira, dia 18 de outubro, a segunda sessão dos Eco Encontros desta vez dedicados à circularidade na perspetiva de uma economia mais circular e mais sustentável.

Para esta segunda edição contou-se com a presença da Drª Sílvia Correia, founder da Re.Store, do Dr. Luis Veiga Martins, Chief Sustainable Officer da Nova School of Business and Economics e de Vítor Sobral, conceituado Chefe e consultor gastronómico.

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Sílvia Correia, Paulo Passarinho, Luis Veiga Martins e Vítor Sobral (foto: Direitos Reservados)

Neste debate, com moderação de Paulo Passarinho, coordenador-editorial da AWAY Magazine, destacou-se a importância da economia circular na área têxtil, o desperdício alimentar e o papel da educação, formação e inovação em toda a cadeia de valor dos produtos e hábitos do consumidor.

O setor têxtil é aliás um dos mais focados nos últimos tempos no que respeita às práticas (ou não) de sustentabilidade, mas felizmente que existem projetos que já auxiliam no que respeita ao desperdício têxtil oriundo dos processos de produção.

“A Re.Store utiliza o que a indústria não usa e que teria como destino o desperdício, para reconvertermos (e não reciclar) em peças de utilização para o dia-a-dia. Criamos acessórios têxteis sustentáveis e socialmente inclusivos” – afirmou Silvia Correia.

Para contribuir de facto para uma cadeia de sustentabilidade é no entanto também importante relembrar que nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável há aspetos como a inclusão social que são fundamentais.

“Nós fazemos questão de remunerar todos os nossos parceiros, nem que seja com um euro, contribuindo assim para uma maior transparência e seriedade de todo o processo. (…) Trabalhamos com pessoas e empresas especiais. Temos protocolos com várias IPSS e similares, onde socialmente temos um papel de apoio à inclusão de todas as pessoas que assim podem dar um contributo válido para esta atividade.” - acrescentou a responsável da Re.Store

Na intervenção do professor Luis Veiga Martins relembrou-se de que os princípios da economia circular já vêm de longa data, ainda que parece que só nos últimos anos nos tenhamos lembrado disso. Há um papel da academia que é importante na aquisição de conhecimento, mas também na inovação e criatividade.

“A academia tem um papel extremamente relevante (…) e procuramos educar através de boas práticas. Temos inclusive um compromisso até 2026 termos zero resíduos em aterro. (…) Existe uma conscientização cada vez maior por parte dos alunos com diferentes mentalidades.” – referiu Luis Veiga Martins

Os projetos que envolvem a sociedade civil permitem também abrir as portas das academias a uma maior participação de todos e acrescentar valor às áreas onde estão inseridas.

“A Nova SBE desenvolveu um projeto piloto, em parceria com a Tomra e a Câmara Municipal de Cascais, onde, envolvendo a comunidade escolar incentivávamos ao depósito de embalagens, com uma remuneração associada, promovendo a economia circular.” – acrescenta o professor da Nova SBE.

A sustentabilidade está hoje presente no meio académico e a Nova SBE aplica os conceitos em várias vertentes.

“Para além de um mestrado e uma pós-graduação virados para a sustentabilidade, criamos ainda a obrigatoriedade de os alunos frequentarem, em todos os cursos da Nova SBE, uma cadeira (com atribuição de crédito curricular) onde são desafiados, ao longo dos três anos da licenciatura, a desenvolver um projeto na área da sustentabilidade.” - indica Veiga Martins.

Mas a circularidade é uma questão que toca todas as áreas e em particular no que respeita ao desperdício alimentar há um problema com a nossa falta de conhecimento ou de noção da realidade.

“A cozinha hoje em geral não é rentável se não houver desperdício. Nós não podemos ter desperdício temos de tentar aproveitar tudo (…) O consumidor em geral não tem muita noção do perfil e da forma como o restaurante gere esse desperdício, tal como não tem de um supermercado ou outro negócio”. - refere o Chefe Vítor Sobral

Queremos ter acesso a comprar os produtos na hora, mas não estamos preocupados com o que possa acontecer aos mesmos, se não forem consumidos até aos prazos limite.

“Na minha cabeça não faz sentido entrar numa pastelaria às cinco ou seis da tarde e a montra estar cheia, não pode estar. Ou vou comer as coisas no dia seguinte ou então vai tudo fora. (…) Da mesma forma não me cabe na cabeça ter vinte fiambres ou queijos fatiados na prateleira. O que acontece depois aos produtos quando acaba o prazo, será que as pessoas pensam nisso?” - questiona o chefe.

Talvez a ânsia de vivermos cada vez melhor nos tenha afastado do pensamento crítico que hoje as novas gerações parecem começar a ter. Mas é uma questão individual, temos todos de contribuir para melhorar e contribuir para uma economia circular mais justa e sustentável.

“A evolução social e burguesa que nós temos é que nos causou estes problemas. Estamos a viver o facilitismo e esquecemo-nos que o planeta sofre com esse facilitismo. (…) O que faz falta é uma consciência daquilo que é o desperdício. Todos nós podemos contribuir para melhor termos consciência do comportamento diário”. - conclui Vítor Sobral.

A próxima sessão, a terceira dos Eco Encontros irá realizar-se no dia 15 de novembro, na sala de Âmbito Cultural do El Corte Inglés, e terá como tema a descarbonização.

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