A escassez de água é um problema global e crescente. Portugal tem tido vários alertas devido a períodos de seca extrema e é cada vez mais imperativo pensar em novas soluções de aproveitamento e fornecimento de água às populações, agricultura e municípios.
Para responder a esta carência, que as alterações climáticas parecem sublinhar, surge como uma solução a dessalinização, um processo que permite a transformação de água do mar em água doce.
Ciente da necessidade de desenvolver e promover a dessalinização em Portugal, o ISQ acaba de estabelecer uma parceria com a universidade da Arábia Saudita, a King Abdullah University of Science and Technology (KAUST).
Neste âmbito, depois de promover uma missão empresarial à Arábia Saudita, o ISQ trouxe a Portugal investigadores do “Centro de Dessalinização e Reutilização da Água” (WDRC) da Kaust para promover troca de conhecimentos, debater tendências e desafios, bem como, desenvolvimento de soluções que visem a promoção da temática.
No encontro promovido pelo ISQ estiveram ainda presentes várias entidades públicas e privadas que estão atentas a esta matéria como a EDP, a GALP, as Camaras Municipais de Albufeira, Mafra, Loulé, Sintra, Setúbal e ainda a AHETA - Associação de Hotéis do Algarve e as Águas de Santo André.
Dessalinização, uma solução para o Algarve?
O ISQ dá como exemplo o Algarve como uma zona onde a dessalinização (quando arrancar) pode dar um contributo fundamental para a economia e bem-estar da região.
O Algarve consome mais de 230 milhões de m3 de água por ano e com uma central dessalinizadora cerca de 1/3 dessa água poderia ser “produzida” a partir de água do mar, indicam os responsáveis do ISQ.
Para a zona algarvia, onde o turismo é peça fundamental na economia, mas urge ser complementado com atividades não sazonais e que permitam diversificação, o abastecimento de água é fulcral.
“Por isso mesmo está em debate desde 2022 a construção de uma central de dessalinização no Algarve possivelmente em Albufeira. Atualmente a tecnologia está muito mais madura e há um caminho crítico que é possível fazer mais rapidamente aprendendo com países como a Arabia Saudita, Israel ou mesmo Espanha que estão muito adiantados nesta matéria”, refere Pedro Matias, presidente do ISQ.
No caso da Arábia Saudita, atualmente, metade do abastecimento de água doce - um país com 33 milhões de habitantes e dos mais secos do planeta - é feito com água dessalinizada.
O abastecimento da própria Universidade de KAUST é feita com esta água. Nos processos de dessalinização modernos são conjugadas também fontes de energia renovável para obviar o consumo necessário de energia.