Sustentabilidade

Shein no centro das acusações à fast-fashion por má consciência ambiental

Startup de origem chinesa é acusada de danos ambientais, exploração de trabalhadores e apropriação de direitos de autor
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Shein (Foto: Cezaro De Luca/Europa Press via Getty Images)
Shein (Foto: Cezaro De Luca/Europa Press via Getty Images)

A indústria da fast-fashion tem estado debaixo de fogo, em especial devido aos indicadores ESG (sigla para Environmental, Social and Corporate Governance) que ajudam a perceber se as empresas têm políticas ambientais e sociais conscientes e se são corretamente geridas.

Praticamente todas as marcas de fast-fashion são criticadas por falta de consciência ambiental e social, mas há uma que tem atraído mais a atenção das pessoas pelo facto de o seu modelo de negócio ter impulsionado um crescimento rápido e muito acentuado – a Shein.

Avaliada em cerca de 100 mil milhões de dólares, a startup de origem chinesa desenvolveu um modelo de negócio online que lhe permite colocar no mercado, de forma contínua e muito rápida, uma enorme quantidade de artigos de moda, a preços incrivelmente baixos, procurados principalmente pelo público mais jovem.

Principais críticas à Shein

Seduzida pelos baixos preços, a maioria dos consumidores acaba por adquirir um elevado número de artigos que, em muitos casos, não usa mais de duas ou três vezes. É a chamada disposable fashion - em português, moda descartável -, cuja produção consome enormes recursos e dá origem a quantidades astronómicas de desperdício.

Com vendas de aproximadamente 16 mil milhões de dólares em 2021 (um incremento de 60% face ao ano anterior), a Shein enfrenta acusações de danos ambientais, exploração de trabalhadores e apropriação de direitos de autor. Esta situação preocupa potenciais investidores, assim como reguladores e até mesmo a classe política.

Citada pela Bloomberg, uma fonte anónima próxima da Shein revelou que esta está a contar receber uma oferta pública de aquisição nos Estados Unidos até 2024. Um cenário que parece estar a forçá-la a rever as suas políticas ESG, tal como já o fizeram outros gigantes da fast-fashion, como a Zara e a H&M.

A Shein é acusada por organizações não governamentais de comercializar artigos fabricados por trabalhadores mal remunerados e com horários de trabalho excessivamente longos que estão expostos a condições de trabalho perigosas.

A empresa enfrenta também vários processos em tribunal por roubo de direitos de autor. No período de um ano e meio, a startup chinesa conta já com mais do triplo dos processos do que a H&M, a Zara e a americana Urban Outfitters em conjunto, segundo dados da Bloomberg.

A somar ao impacto ambiental causado pela produção de artigos de moda em grande escala e pela forma como estes são descartados, estes são problemas que podem prejudicar a imagem da Shein a breve trecho e com os quais a empresa tenta lidar da melhor forma.

Em declarações à Bloomberg, o novo diretor global de ESG da Shein, Adam Whinston, afirmou que a empresa fabrica em pequenos lotes para avaliar a resposta dos consumidores e só depois fabrica em grande escala. Garantiu também que os seus fornecedores certificam que não infringem a propriedade intelectual de terceiros.

Sobre as questões laborais, a empresa assegura que não irá tolerar o trabalho infantil ou em regime “prisional”, assim como o pagamento de salários aos trabalhadores abaixo dos valores mínimos.

(Fotos: Getty Images e Unsplash)

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