Mobilidade

Estará o sistema de infoentretenimento automóvel a pôr a nossa vida em risco?

Entre peões, ciclistas, telemóvel e ecrã tátil, o condutor sofre hoje múltiplas distrações que podem originar acidentes
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Sistemas de infoentretenimento causam distração (Foto J. Ueberberg/ Unsplash)
Sistemas de infoentretenimento causam distração (Foto J. Ueberberg/ Unsplash)

A crescente multiplicidade de sistemas de infoentretenimento que equipam os automóveis de hoje fazem com que haja uma enorme disputa pela atenção do condutor, entre tudo o que se passa no exterior do habitáculo e tudo o que acontece no interior. E se muitos desses sistemas foram criados com o intuito de proporcionar mais conforto, a verdade é que podem ser também fatores de distração.

Um estudo do Centro de Investigação de Acidentes da Universidade de Monash, na Austrália, partilhado pelos especialistas em software de conectividade e telemática automóvel da VNC Automotive, indica que a distração e a desatenção do condutor são considerados fatores intervenientes em quase metade de todos os acidentes rodoviários com mortos ou feridos graves.

Perante esta realidade, tornou-se mais importante e oportuno do que nunca o debate sobe o caminho que deve seguir o desenvolvimento de sistemas e software de infoentretenimento para automóveis.

Nunca como hoje a atenção do condutor foi atraída por tantos elementos. Entre estradas movimentadas, peões, ciclistas, telemóvel ou o enorme ecrã tátil, através do qual é possível controlar muitas das funcionalidades do automóvel, a probabilidade de o condutor não estar focado na condução é cada vez maior.

Se a tudo isto somarmos os inúmeros alertas visuais e sonoros emitidos pelos sistemas de ajuda à condução, de cada vez que transpomos um traço na estrada sem fazer pisca ou nos aproximamos demasiado depressa de um obstáculo, por exemplo, temos então o cocktail perfeito para causar distrações a quem vai à frente do volante.

Embora os construtores equipem os seus automóveis com cada vez mais sistemas de monitorização do tráfego (sensores, câmaras, radares), estudos citados pela VNC Automotive sugerem que os novos automóveis são mais suscetíveis de se envolverem em acidentes em cruzamentos ou quando iniciam a marcha.

Sistemas de infoentretenimento (Foto: B. Bartis/ Unsplash)

Os especialistas da VNC Automotive alertam para a necessidade da indústria se debruçar sobre os impactos de múltiplos olhares curtos para outros locais que não a estrada, típicos quando se interage, por exemplo, com um ecrã táctil.

A empresa sublinha que há uma diferença subtil, mas significativa, entre um interface que oferece uma janela para um mundo digital e um que coloca as funcionalidades básicas do automóvel em múltiplos submenus, que nos parece um labirinto de cada vez que lhes queremos aceder.

É, pois, de crucial importância desenvolver tecnologia que simplifique a interação do condutor, de modo que este tenha menos necessidade de tirar os olhos da estrada. Os responsáveis da VNC Automotive vão mais longe, ao afirmar que é chegado o momento de reconhecer a seriedade deste desafio e pedir às organizações de segurança que desenvolvam avaliações formais sobre a distração no interior do veículo.

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