Mobilidade

À conversa com Diretor Geral da Seat Mó sobre mobilidade e futuro da marca

Falámos com Lucas Casasnovas, Diretor Geral da Seat Mó, sobre o porquê de criar uma nova marca de micromobilidade
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Um veículo Seat com apenas duas rodas? Mas será que os responsáveis da marca espanhola estarão loucos? A pergunta foi levantada pelo próprio Diretor Geral da Seat Mó, Lucas Casasnovas, com quem tivemos oportunidade de conversar por ocasião da apresentação em Portugal da marca do grupo Volkswagen e, em particular, da sua nova moto elétrica, a eScooter 125.

A provocação lançada pelo engenheiro industrial de 50 anos serviu de mote para justificar o porquê da Seat se lançar em formas de mobilidade alternativas, com a criação da marca Mó. Na verdade, há três razões: há cada vez mais cidades onde é proibido circular de automóvel na zona centro; há cada vez mais trânsito nas zonas urbanas e faltam lugares para estacionar.

Como resultado, os jovens em início de vida profissional (principal fatia de clientes da Seat) estão a tirar a carta de condução cada vez mais tarde e a procurar novas formas de mobilidade, pelo que o construtor espanhol quer oferecer-lhes alternativas com um mínimo de pegada ecológica, através da expansão da sua gama de veículos, ainda que garanta continuar empenhado no fabrico de automóveis.

Lucas Casanovas com os produtos Seat Mó

Away: Porquê lançar uma moto elétrica com a marca Seat e não criar uma marca totalmente nova dentro do grupo Volkswagen?

Lucas Casasnovas [LC]: Para nós é muito importante passar a mensagem de que é a Seat que está por detrás da nova marca Mó. Há outros nomes de serviços de mobilidade, do género Free Now, We Move, We Share, mas ninguém sabe muito bem que empresas estão por detrás deles. Isso representa uma oportunidade, porque a Seat já é uma marca conhecida do público, mas é também uma responsabilidade porque nos obriga a oferecer produtos e serviços de excelência, para não pôr em risco o nome e a reputação da Seat.

Away: A Seat e a Cupra já desenvolveram projetos pontuais de mobilidade elétrica com outros tipos de veículos, até com barcos. A nova marca Mó é mais uma dessas ações de marketing, ou é uma nova área de negócio na qual o grupo Volkswagen está verdadeiramente empenhado?

LC: Não. A marca Seat Mó não é uma operação de marketing. Poderia sê-lo se tivesse apenas a marca Mó, mas quando pões o nome Seat, deixa de o ser. Há uma vontade real de estabelecer uma nova linha de negócio em produtos e serviços de micromobilidade, em especial para o público jovem, e de prosseguir com a expansão deste negócio. Se fosse apenas marketing, tínhamos lançado a Mó apenas em Espanha, Alemanha, Itália e França. Mas não, já a levámos a Martinica, Ilha da Reunião, vamos lançá-la no México, na América Latina e no Norte de África.

Away: Pretendem então que a Mó seja uma marca global?

LC: Sim, queremos que seja uma marca global. Ou melhor, que esteja presente em todos os mercados onde hoje está a marca Seat. Mas o ideal será serem os próprios mercados a pedir para lançar a marca Mó, a partir do momento em que sentem a necessidade de oferecer novas formas de mobilidade ou que são menos desenvolvidos em termos de mercado automóvel, como está a acontecer no Norte de África.

Away: Têm um objetivo de vendas concreto, para Portugal e para os restantes mercados?

LC: Não divulgamos números de vendas. No ano passado fomos a marca número dois em Espanha ao nível das motos elétricas e o que pretendemos é continuar a ser um key player. O nosso objetivo mínimo é estar no top cinco em todos os mercados.

Away: Que outros projetos têm em desenvolvimento? Vão lançar motos com outras potências e autonomias?

LC: Estamos a trabalhar para aumentar a nossa gama de produtos. Começámos com uma trotinete, depois duas e agora temos uma moto. Vamos ver como evolui o mercado, se no sentido de motos maiores ou de motos mais pequenas. A verdade é que a Seat Mó não foi criada para fazer apenas um produto e apenas uma moto.

Away: Podemos então esperar outros tipos de veículos?

LC: Estamos com o tema de um microcarro. É o nosso projeto principal, mas é difícil, porque há que encontrar o equilíbrio perfeito entre o que o cliente espera de um microcarro, ao nível da segurança, da qualidade e da durabilidade, e o facto de pretender um produto barato.

Away: Há previsão para lançar esse microcarro?

LC: Em breve. Mas não posso adiantar em que ano.

Away: Está a ser pensado e desenvolvido para serviços de car sharing?

LC: Destina-se tanto ao cliente privado, como ao car sharing. Há uma fatia significativa de clientes que querem comprar um microcarro, mas obviamente que as frotas de car sharing também poderiam trocar os seus automóveis tradicionais por microcarros. E há também o cliente corporate, para frotas de empresas.

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