O conceito de cidade irá mudar profunda e estruturalmente, é a convicção de alguns especialistas em planeamento urbano e novas tecnologias de informação. As smartcities são uma realidade e o futuro depende cada vez mais de um melhor planeamento urbano.
Para acompanhar essa mudança, é expectável que o investimento em novas infraestruturas urbanas, destinadas a implementar novas abordagens para as cidades, tenha um acentuado crescimento nos próximos anos. De acordo com a ABI Research, empresa global de informação do setor tecnológico, esse valor poderá chegar aos 335 mil milhões de euros até 2030.
O número avançado pela empresa tem por base os anúncios de novos projetos de desenvolvimento urbano previstos para cidades espalhadas por todo o globo, os quais, previsivelmente, irão adotar novos princípios e conceitos, como a pedonalização e “bairros de 20 minutos”, bem como novas tipologias de infraestruturas “verdes”, serviços públicos, transportes, e edifícios neutros em carbono.
Com o dever urgente de fazer face ao problema das alterações climáticas e o crescimento (ou surgimento) de necessidades relacionadas com a digitalização pessoal, ou seja, a inclusão de software e hardware em múltiplos aspetos da nossa vida quotidiana, impõem-se novos desafios às cidades, que obrigam a redefinir todo o seu planeamento.
Outros fatores mencionados pelos especialistas, que explicam o surgimento de novos projetos urbanísticos, incluem um foco crescente na equidade e na inclusão, desenvolvimento económico escalável, e um modo de vida mais acessível.
Um dos exemplos de novas cidades é a “The Line”, a ser integrada na nova região “NEOM”, anunciada pelo príncipe herdeiro saudita Mohammad bin Salman. Será uma cidade sem automóveis, totalmente voltada para os peões, na qual os residentes podem satisfazer todas as suas necessidades num raio de cinco minutos a pé. Terá uma extensão de 170 km e nela poderão viver 1 milhão de pessoas.
Para os Estados Unidos está também prevista uma nova cidade, chamada “Talosa”, cuja localização final ainda não está fechada, embora seja provável que venha a ficar na região Oeste do país. Foi anunciada pelo empresário e investidor Marc Lore e está projetada para novas formas de mobilidade, incluindo veículos elétricos e autónomos, para a utilização de drones, e irá incluir uma rede subterrânea para entrega de mercadorias e gestão de resíduos.
Estima-se que existam mais de 150 projetos de novas cidades em mais de 40 países, incluindo Forest City, na Malásia, NEOM, na Arábia Saudita e Tengah, em Singapura. Embora prevejam que muitas delas nunca irão passar do papel, os especialistas destacam a importância dos megaprojetos por desempenharem um papel importante na definição e promoção de novos conceitos de urbanização.