A Cartier, uma das marcas de joias de luxo mais conhecidas do mundo, está a ser alvo de críticas por utilizar imagens dos Yanomami, um povo indígena afetado pela mineração ilegal de ouro que vive no Brasil e na Venezuela. A empresa está a ser acusada de greenwashing.
Até recentemente, a marca francesa tinha no seu website imagens de crianças Yanomami a brincar num campo verde, referindo que estava a trabalhar para promover a cultura indígena e proteger a Amazónia, a floresta tropical onde o povo vive.
No entanto, o projeto nunca avançou e as fotografias foram publicadas sem autorização formal dos líderes Yanomami, algo que viola os direitos do povo ao consentimento prévio, live e informado, segundo o Conselho Indígena de Roraima, refere a AP.
A Cartier, sendo uma empresa que trabalha com ouro e que estar a usar a imagem de um povo altamente afetado pela mineração ilegal do metal precioso, está a ser acusada de fazer greenwashing, ou seja, de promover a sua imagem apoiando uma causa.
Depois de contactada pela AP, a Cartier retirou a foto e a descrição do projeto do seu website e comunicou que os fundos que seriam para a preservação da floresta foram usados para combater a covid-19 entre os Yanomami. A empresa pediu ainda desculpa pelo “descuido lamentável” devido à “descrição imprecisa”.
Apesar de a Cartier estar ligada aos Yanomami há cerca de 20 anos, especialmente através da Fondation Cartier, há cada vez mais críticas por parte do povo e dos seus defensores.
Há quem acredite que o patrocínio da marca de luxo aos Yanomami é uma forma de polir a sua imagem.
A Cartier tem afirmado que não compra ouro extraído de forma ilegal, mas ainda assim os Yanomami pedem às pessoas para não comprar peças neste material precioso já que o aumento de procura leva a um aumento de preço, o que faz com que haja mais mineração no seu território.
O povo indígena Yanomami tem sido altamente afetado pela mineração de ouro na sua área. O mercúrio usado nas explorações provoca defeitos congénitos e destrói ecossistemas. O álcool e drogas levado pelos garimpeiros (exploradores de minerais) ilegais têm levado ao surgimento de doenças, assassinatos e prostituição.