Imagina que para levares a cabo uma experiência científica a mais de 21 quilómetros acima da superfície terrestre poderias apenas recorrer a um balão produzido com materiais baratos ou até reciclados, alimentado a energia solar e por um custo pouco acima de 45 euros. Brilhante não te parece?
Pois bem, foi exatamente isso que Daniel Bowman, um engenheiro dos Laboratórios Nacionais de Sandia (SNL na sigla original), revelou no passado dia 11 de maio num congresso da Sociedade de Acústica dos EUA: um balão de ar quente movido a energia solar que até é capaz de captar sons inexplicáveis.
A estratosfera é uma camada da atmosfera da Terra onde não há praticamente interferências de sons (ou comunicações) de antenas terrestres ou de aviões comerciais (circulam abaixo dessa altitude).
Justamente por ter poucas interferências os cientistas colocam microfones para estudar infrassons – baixa frequência - como ondas sonoras ou vibrações da natureza (tempestades e ondas por exemplo) ou criados pelo homem (explosões e outros).
Mas há também sons inexplicáveis ou de origem desconhecida que poderiam exigir a utilização de tecnologia especial e cara para serem estudados… ou nem por isso. Neste caso bastou uma visita a uma loja de material pirotécnico, outra a uma drogaria e eis um balão pronto para levar a cabo exigentes experiências científicas.
Bowman e os seus colegas usaram materiais comuns, como plásticos vulgares dos que se utilizam nas proteções de pinturas, fita adesiva, pó de carvão (para escurecer o interior) e desenvolveram um balão simples, com um diâmetro de 6 a 7 metros (relativamente pequeno para a ação em causa) movido a energia solar com um custo inferior a 50 dólares (pouco mais de 45 euros, ao câmbio de 15 de maio).
Como funciona o balão solar?
Quando o sol bate neste balões os mesmos aquecem devido à presença do pó escuro no interior e desta forma elevam-se progressivamente no ar a alturas superiores a 20 quilómetros. Acoplado ao balão vai apenas um pequeno microbarómetro com GPS, capaz de detetar ondas sonoras de baixa frequência.
“[Na estratosfera] existem misteriosos sinais de baixa frequência que ocorrem algumas vezes por hora em alguns voos, mas a fonte deles é completamente desconhecida”, referiu Bowman
No futuro, acrescentam ainda os investigadores, citados pela Eurek Alert, "os balões movidos a energia solar também podem ajudar a explorar outros planetas, como observar a atividade sísmica e vulcânica de Vênus através de sua espessa atmosfera.”
Os SNL levam a cabo experiências no campo da segurança nacional dos Estados Unidos da América. São responsáveis por pesquisas cientificas que ajudam na deteção, combate ou mitigação de eventuais ameaças à segurança.
Quanto aos sons estranhos e inexplicáveis... não há mais comentários da SNL.