Sustentabilidade

Grande afluente do rio Amazonas bate recorde de caudal mais baixo

Há mais de 120 anos que não corria tão pouca água no Rio Negro um dos maiores afluentes do Amazonas
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Seca no Rio Negro, Amazónia, Brasil (foto: Michael Dantas/AFP/GettyImages)
Seca no Rio Negro, Amazónia, Brasil (foto: Michael Dantas/AFP/GettyImages)

O rio Negro, principal afluente da margem esquerda do rio Amazonas, registou na passada segunda-feira, 16 de outubro, um caudal de 13,59 metros de altura, o nível mais baixo e um recorde desde 1902, segundo dados do porto de Manaus, no norte do Brasil.

O rio, que se estende por 1.700 quilómetros através da Colômbia, Venezuela e Brasil, bateu o seu recorde mais baixo até à data, registado em junho de 2010 com 13,63 metros, no meio de uma das piores secas de que há memória na região amazónica.

Desde o início de julho, o caudal do rio Negro, assim chamado pelo tom escuro das suas águas, diminuiu 14,4 metros, ou seja para metade, passando de 28 metros para o nível atual.

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Seca em rio na Amazónia, Brasil (foto: Raphael Alves/EPA/Lusa)

A diminuição do caudal dos rios que compõem a bacia amazónica complicou a navegação dos navios cargueiros, dos quais a região depende para importar e exportar mercadorias.

Em alerta, a Associação Brasileira de Armadores Costeiros (ABAC) prevê que a seca deste ano impeça o transporte de 50% das mercadorias e que, “no pior cenário”, a navegação deixe de ser possível.

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Seca no Rio Negro, Amazónia, Brasil (foto: Michael Dantas/AFP/GettyImages)

Os problemas de baixo caudal têm-se agravado nos últimos 10 anos e, como consequência, entre outubro e novembro de 2022 as autoridades impuseram limites de até 50% à navegação fluvial, segundo a associação.

Manaus abriga o segundo maior porto do Brasil em volume de carga e é essencial para o transporte de matérias-primas extraídas da região, além de eletrodomésticos e produtos químicos fabricados na capital regional.

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Seca em rio na Amazónia, Brasil (foto: Raphael Alves/EPA/Lusa)

O Governo do Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, prometeu há duas semanas investir 138 milhões de reais (cerca de 25 milhões de euros) em obras de drenagem dos rios Madeira e Solimões para melhorar a navegação, bem como na ajuda ao combate aos incêndios que se multiplicam na região.

A combinação de altas temperaturas, ligadas ao fenómeno El Niño, e o baixo fluxo dos afluentes do Amazonas causou a morte entre setembro e outubro de mais de 140 golfinhos de duas espécies ameaçadas de extinção.

Nos meses de junho, julho e agosto, Manaus registou 131 milímetros de chuva, quando a média histórica daquele trimestre é de 202 milímetros, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia.

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