Está decidido. Jorge Lorenzo vai abandonar o MotoGP no final da temporada.
Numa sala de imprensa repleta de jornalistas no circuito de Ricardo Tormo em Valência, o piloto da Honda anunciou a decisão de pendurar as luvas e o capacete após a corrida de domingo, a última da temporada, terminando assim, mais cedo, a sua ligação com a Honda Racing Corporation.
Visivelmente comovido, o piloto espanhol lembrou que chegou um dos momentos muito importantes na sua carreira.
"Temos quatro momentos marcantes na carreira de um piloto, o primeiro quando chegamos ao mundial de MotoGP, o segundo quando vencemos a primeira corrida, o terceiro quando conquistamos o primeiro mundial, e o quarto quando terminamos a nossa carreira. Estou aqui para anunciar o final da minha carreira como piloto profissional, já a partir do GP de Valência que será a minha última corrida", sublinhou Lorenzo.
Quando falta apenas uma prova para o final da temporada, o piloto espanhol conseguiu somente 25 pontos em 18 corridas não tendo feito qualquer top 10 nas oito corridas em que conseguiu pontuar.
“O objetivo que coloquei na minha cabeça no início da temporada não era realista. Sinto muito pela Honda, especialmente por Alberto Puig. Lamento dizer que falhei com a Honda, falhei com Alberto e Kuwata. Apesar disso, acho que esta é a decisão mais correta ”, admitiu Lorenzo.
Já Carmelo Ezpeleta, CEO da Dorna, que acompanhou Lorenzo na conferência de imprensa, anunciou que o piloto espanhol vai assumir o estatuto de lenda do MotoGP, numa cerimónia que vai ter lugar no GP de Espanha de 2020.
"Hoje é um dia muito especial, lembro muito bem da primeira vez que vi Jorge no CEV, já provei que ele era um piloto muito especial. A única coisa que me ocorre agora é agradecer ao Jorge por tudo o fez no MotoGP e por mostrar ao mundo todo o seu valor ao longo da sua carreira", sublinhou Ezpeleta.
Lorenzo tinha contrato com a Honda até ao final da próxima temporada, mas as lesões e a falta de resultados que o afetaram ao longo da época que agora chega ao fim, acabaram por fazer precipitar a decisão de terminar a carreira.
A sucessão de lesões têm sido para Lorenzo a origem de todos os problemas nunca o tendo deixado correr a 100 por cento desde há muito – levando-o a perder inclusive os testes com a nova moto.
Desde a lesão no pé já na época passada em Aragão passando pela rotura num ligamento e pela fratura num pulso até à fissura numa costela já esta temporada no Qatar, onde fez a primeira corrida com a Honda, Lorenzo nunca conseguiu pegar a todo o gás na RC213V.
“I’m not a great rider, I’m a champion” ✨@lorenzo99, your career will go down in history as one of the greatest there has ever been 🏆#ThankYouJorge | #MotoGP pic.twitter.com/ODe5DaKl6r
— MotoGP™ 🇪🇸 (@MotoGP) November 14, 2019
Jorge Lorenzo fez a sua estreia no mundial de velocidade no GP do Espanha na classe de 125cc quando tinha apenas 15 anos em 2002 e conquistou a sua primeira vitória no ano seguinte no Brasil.
A chegada ao MotoGP aconteceu em 2008 no Qatar onde alcançou a sua primeira pole position e a sua primeira vitória acabou por acontecer no GP de Portugal do mesmo ano.
Recorde-se que o piloto espanhol foi campeão do mundo por cinco vezes, em 206 e 2007, na Aprilia, em 250cc, e campeão em 2010, 2012 e 2015 com a Yamaha no MotoGP.
Lorenzo foi vice-campeão de MotoGP em três ocasiões (2009, 2011, 2013) e terminou durante oito anos consecutivos entre os três primeiros do campeonato (de 2009 a 2016).
Depois de abandonar a Yamaha em 2016, Lorenzo assinou pela Ducati em 2017, após nove anos na Yamaha e, apesar de ter lutado para se adaptar à Desmosedici, venceu três corridas em 18 realizadas na temporada.
Assim em 2019 assina pela Honda tendo a seu lado Marc Márquez, numa dupla que tudo apontava para que fosse imbatível ao longo da temporada
Na classe rainha do motociclismo, onde chegou em 2008, Jorge Lorenzo somou 47 vitórias e subiu ao pódio por 114 vezes.
Johann Zarco, que está a substituir Takaaki Nakagami nas últimas corridas da temporada na LCR Honda, é apontado como o principal candidato a substituir Lorenzo e a fazer equipa com Marc Márquez em 2020.