Energia

25 milhões de africanos sem acesso a energia após a crise da Covid-19

África possui 60% dos recursos solares do mundo, mas tem apenas 1% das instalações fotovoltaicas
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África sem acesso a eletricidade (Foto: Unsplash)
África sem acesso a eletricidade (Foto: Unsplash)

Quando pensamos nos elevados custos da energia e preço dos combustíveis que estamos a enfrentar, podemos não ter perceção do que está a acontecer um pouco por todo o planeta. Em África a crise causada pela pandemia da Covid-19 está a ter um impacto cujas consequências são podem ser devastadoras no curto-médio prazo.

Um relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), divulgado hoje, destaca que 25 milhões de africanos ficaram sem eletricidade desde o início da pandemia, mas bastariam alguns terminais de gás natural para abastecer todo o continente até 2030.

De acordo com o relatório “Africa Energy Outlook 2022”, da AIE, a pandemia primeiro e depois a crise económica que se seguiu, colocaram fim a dez anos de algum progresso em África.

África possui 60% dos recursos solares mundiais, mas apenas tem 1% das instalações fotovoltaicas

Atualmente, vivem 600 milhões de pessoas sem eletricidade, um aumento de 4% face a dados de 2019, refere a Lusa, citando Fatih Birol, diretor da AIE, em declarações à Agence France Presse.

Aumentar a eficiência energética, expandir as redes elétricas e a geração a partir de fontes renováveis são as bases do futuro energético do continente, salientou a AIE.

África possui 60% dos recursos solares do mundo, mas tem apenas 1% das instalações fotovoltaicas, menos que os Países Baixos, sublinhou o documento sobre perspetivas energéticas em África.

A escassez de recursos é também extensível à água potável

As energias renováveis, incluindo eólica, geotérmica e a gerada em barragens, devem constituir 80% da capacidade elétrica instalada até 2030, tanto para objetivos energéticos como climáticos, defendeu a AIE.

Mas será preciso "duplicar o investimento", disse Birol. Atualmente, “África recebe apenas 7% do financiamento para energia verde disponibilizado pelas economias avançadas aos países em desenvolvimento”, lamentou.

No entanto, “esta questão do acesso à energia podia ser resolvida até ao final desta década com um investimento anual de 25 mil milhões de dólares [23,7 mil milhões de euros], o montante necessário para a construção de um novo terminal de gás natural liquefeito todos os anos”, referiu o diretor da AIE. "O que está perfeitamente ao nosso alcance", frisou.

Explorações de gás natural podem auxiliar a resolver, uma parte, da crise energética em África

A AIE destacou o papel potencial do gás natural, de forma transitória, para produzir fertilizantes agrícolas, cimento e água potável a partir da água do mar.

"A África responde por menos de 3% das emissões globais de gases de efeito estufa. Se esse gás fosse explorado, passaria a ser menos de 3,5%, embora [o continente] tenha 20% da população humana", disse Birol.

Por outro lado, a transição global para as energias verdes é promissora, não apenas devido ao potencial solar de África, mas também às oportunidades industriais ligadas à crescente procura por metais e hidrogénio, referiu a AIE.

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