Terminado que está o 2019 e a poucos dias de entrarmos em 2020 passamos em revista o que de mais significativo aconteceu no desporto motorizado para além da Fórmula 1 e do MotoGP.
Ott Tanak conquista o primeiro título
O estónio Ott Tanak (Toyota) conquistou o seu primeiro título mundial de ralis (WRC), colocando um ponto final no domínio do francês Sébastien Ogier (Citroën), vencedor das seis edições anteriores do campeonato.
O piloto hexacampeão mundial de ralis lutou até ao final pela revalidação do título, mas faltou ao piloto francês maior fiabilidade ao seu Citroën para permitir que Ogier voltasse a conquistar o mundial.
Tanak conquistou, assim, o primeiro título de pilotos para a Toyota desde o francês Didier Oriol, em 1994 e terminou com uma série de 15 títulos franceses no WRC, nove de Sébastian Loeb (2004/12) e seis de Sébastian Ogier (2013/18).
Novo ciclo para os campeões
O final da temporada do WRC ficou marcada pela dança de cadeiras de alguns pilotos, o que provocou algumas surpresa.
O campeão do mundo, Ott Tanak, deixou a Toyota e rumou à Hyundai e Sébastien Ogier, colocou um ponto final na ligação com a Citroën, apesar de ter contrato por mais um ano, para rumar à Toyota.
O piloto francês que conquistou seis títulos consecutivos de pilotos entre 2013 e 2018, quer regressar às vitórias depois de uma temporada ao serviço da Citroën onde conheceu algumas dificuldades.
Para além de Ogier a Toyota anunciou ainda que vai contar com Elfyn Evans e Kalle Rovanperä para a próxima temporada do WRC.
As mudanças na Toyota deixaram dois pilotos a fechar o ano sem equipa. Kris Meeke e Jari Marri Latvala vão entrar o ano na lista de desempregados.
Adeus da Citroën
A saída de Ogier para a Toyota acabou por precipitar o adeus da Citroën ao mundial de ralis (WRC), já na próxima temporada.
A marca francesa antecipou a sua decisão, que estava prevista para 2021, depois de Sébastien Ogier ter comunicado que não iria continuar na Citroën na próxima época.
O compromisso da Citroën Racing com os seus dois C3 WRC e as suas equipas, Ogier/Ingrassia e Lappi/Ferm, foi pensado para dois anos (2019-2020). Sem Sébastien Ogier e sem um piloto de primeira classe disponível para lutar pelo título, a marca francesa decidiu fechar as portas do WRC.
Com a saída da Citroën do mundial de ralis termina um ciclo de uma das equipas mais bem sucedidas do campeonato, onde alcançou 102 vitórias e oito títulos de construtores.
Dakar 2019 o fim de um capítulo
Mas o ano que agora termina começou com a vitória de Nasser Al-Attiyah (Toyota) no Dakar, a terceira do piloto qatari na prova, a primeira da Toyota na prova rainha do todo-o-terreno.
Na primeira edição sem a presença da equipa oficial da Peugeot, que venceu as edições de 2016, 2017 e 2018, a Toyota assumiu o seu estatuto de equipa favorita e acabou por chegar à vitória na prova.
Mas se nos carros a Toyota alcançou a primeira vitória no Dakar, nas motos a KTM manteve a tradição e somou a 18.ª vitória consecutiva.
Toby Price, conquistou assim pela segunda vez na sua carreira a vitória no Dakar, numa corrida muito regular e sem erros e beneficiando ainda da queda de Pablo Quinatnilla (Husqvarna) que na última etapa da prova hipotecou todas as possibilidades de chegar à vitória.
Mas a 41.ª edição do Dakar fica para a história como a última realizada na América do Sul.
Após uma década com a prova a ter lugar naquela zona do globo, a ASO, entidade organizadora decidiu rumar à Arábia Saudita para a realização da edição de 2020.
O Dakar de 2019 foi o primeiro que teve lugar num único país, o Peru, depois dos vizinhos sul-americanos Chile, Equador e Bolívia terem recusado integrar o traçado da prova por não terem conseguido chegar a acordo com a ASO pelos valores a pagar para receber o Dakar.
As dificuldades em conseguir apoios acabou por precipitar o final do Dakar na América do Sul.
A incursão no Médio Oriente é vista como o 'terceiro capítulo' da vida da longa maratona de todo-o-terreno, depois de África e da América do Sul.
Toyota e Alonso fazem história no WEC
A temporada de 2018-2019 do mundial de resistência ficou marcada pelo domínio da Toyota que viu os seus carros vencerem sete das oito rondas da temporada.
A equipa formada por Fernando Alonso, Sébastien Buémi e Kazuki Nakajima, acabaram por chegar ao título de pilotos, após a vitória em cinco das oito corridas, relegando a segunda equipa da Toyota para o lugar do meio do pódio do campeonato.
Fernando Alonso não poderia ter desejado melhor passagem pelo WEC, já que se tornou no primeiro piloto da história a ser campeão do mundo de Fórmula 1 e de Resistência. O piloto espanhol conquistou seu primeiro título mundial desde 2006, ano em que foi campeão de F1.
A conquista do título de Alonso e dos seus companheiros de equipa foi confirmada na mítica prova das 24 Horas de Le Mans, onde a Toyota e Alonso garantiram a sua segunda vitória consecutiva na prova francesa e fecharam um ano de ouro para o construtor nipónico com vitórias em várias frentes.
Fórmula E
O francês Jean-Eric Vergne (DS Techeetah) fez história ao tornar-se no primeiro bicampeão de Formula E ao vencer a temporada de 2018/19, revalidando assim o título que tinha conquistado em 2017/18.
Numa temporada bastante complicada para o piloto francês, Jean-Eric Vergne, teve de lutar até à derradeira prova da temporada, na cidade de Nova Iorque, para conseguir a segunda vitória consecutiva num campeonato que continua a crescer em popularidade.
Depois de um inicio de temporada mais complicado, Jean-Eric Vergne entrou na roda do título ao conseguir três vitórias em 13 corridas e tendo terminado por mais duas vezes no pódio.
Os bons resultados na segunda fase do campeonato permitiram ao piloto francês chegar à dupla ronda final de Nova Iorque com 32 pontos de vantagem para Lucas Di Grassi (Audi) e 43 para Mitch Evans (Jaguar), que estava igualmente na luta pelo título.
Contudo um acidente entre Di Grassi e Evans deixou Buemi a fazer a festa do seus segundo título consecutivo.
O francês foi melhor quando resolveu os problemas de fiabilidade do seu carro e fez por merecer o título. Mas o brilho do bicampeonato ficou ofuscado por algumas corridas menos conseguidas por Vergne, nomeadamente no inicio da temporada. Apesar de tudo, Jean-Eric Vergne foi campeão e mostrou que vive o melhor momento da sua carreira.
Já o português António Félix da Costa (BMW) terminou o campeonato na sexta posição, depois de ter lutado até ao final pela terceira posição.
Anthoine Hubert (1996-2019)
O ano que agora termina fica ainda marcado pelo regresso da morte às pistas que recebem o mundial de Fórmula 2.
O jovem francês Anthoine Hubert não resistiu aos ferimentos causados por um violento acidente na primeira corrida da Fórmula 2, no GP da Bélgica que teve lugar no circuito de Spa-Francorchamps.
A corrida de suporte a mais uma ronda do mundial de Fórmula 1, deixou o paddock em choque, com a tragédia a acontecer na segunda volta da corrida, com o carro do piloto gaulês a ser envolvido numa carambola com dois outros carros na subida do Radillon, curva feita a alta velocidade num dos pontos mais rápidos do circuito belga.
O piloto de 22 anos que competia com a equipa da BWT Arden, acabou por sofrer um embate violento na barreira de pneus do lado direito da curva o que catapultou o carro para a pista, acabando por ser apanhado pelo monolugar do piloto americano Juan Manuel Correa, o que resultou na morte de Hubert.
A morte do jovem francês acabou por marcar a corrida de Fórmula 1 com várias homenagens a Anthoine Hubert que faleceu aos 22 anos.