Olha à tua volta: quantas coisas tens com bateria? O telemóvel, um tablet, uns headphones, talvez até o teu carro. Todos os dias, contamos com baterias a lítio para dar energia aos gadgets e veículos que usamos. E com os governos a quererem acabar com a venda de carros a combustível fóssil, a procura por lítio para baterias nunca esteve tão elevada.
Segundo a Quercus, estima-se que existam, no planeta, cerca de 39 milhões de toneladas de lítio. No entanto, apenas um terço pode ser extraído. A extração do lítio, que normalmente encontra-se em rochas duras ou na salmoura, é um processo demorado e, pior do que isso, tem um grande impacto ambiental.
Imagens captadas pela NASA, há cerca de três anos e divulgadas pelo Earth Observatory, mostram o deserto do Atacama, no Chile, onde a atividade de exploração mineira é um problema para o ecossistema e para as comunidades locais.
Tradicionalmente, para a mineração de lítio, é necessário fazer-se grandes buracos para se extrair a salmoura – uma mistura de água com cloreto de sódio que costuma estar vários metros debaixo da terra. De seguida, este líquido carregado de lítio é puxado para a superfície, para grandes piscinas de evaporação, onde fica durante meses. Assim que a salmoura atinge um nível de saturação de lítio ideal, começa-se a fazer a extração em instalações próprias.
A Lilac Solutions é uma start-up americana de tecnologia de extração de lítio e encontrou uma solução mais eficiente, mais barata e, acima de tudo, com uma muito menor pegada ecológica.
A empresa criou um composto tipo resina, moldado em forma esférica, semelhante a grãos de um milímetro, de material duro, cerâmico e poroso, que permite a troca de iões e a captação de lítio.
Para a extração de lítio, as esferas são depositadas em tanques que depois são enchidos com salmoura. À medida que as esferas entram em contacto com a salmoura, absorvem o lítio até ficarem saturadas. A salmoura é devolvida à terra e o lítio é retirado das esferas com ajuda de ácido clorídrico e tratado para ser vendido para baterias.
As esferas podem ser reutilizadas centenas de vezes. Quando deixam de absorver o lítio, são derretidas e o material é usado para fazer novas.
O trabalho que a Lilac Solutions tem feito na área tem chamado a atenção de várias grandes empresas e, só este ano, já obtiveram 170 milhões de dólares (cerca de 146 milhões de euros) de investimento.
Em fevereiro, receberam 20 milhões de dólares (cerca de 17 milhões de euros) dos fundos Breakthrough Energy Ventures, comandado por Bill Gates, e The Engine Fund, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts [MIT]. Este mês, receberem 150 milhões de dólares (cerca de 129 milhões de euros) de vários investidores, incluindo a Lowercarbon Capital, um fundo de pesquisa que investe em tecnologia para reduzir o CO2 na atmosfera, e o fundo de investimento T.Rowe Price.
Face à procura do mercado e de forma a conseguir levar a nova tecnologia a várias partes do mundo, a start-up vai usar o investimento que recebeu para aumentar a produção das esferas de trocas de iões e aumentar a equipa de engenheiros e de técnicos de campo.
Nota: Imagens NASA de Lauren Dauphin (EO), usando dados do Landsat (US Geological Survey), direitos reservados