O secretário executivo da Convenção-Quadro da ONU para as Alterações Climáticas (UNFCCC) disse esta sexta-feira, 2 de fevereiro, que um plano de transição climática exige um investimento anual de pelo menos 2,4 biliões de dólares (2,2 biliões de euros) em energias renováveis e adaptação.
“O Grupo de Especialistas de Alto Nível sobre Financiamento Climático calcula que sejam necessários 2,4 biliões de dólares anualmente para investimento em energias renováveis, adaptação e outras questões relacionadas com o clima nos países em desenvolvimento, excluindo a China”, referiu Simon Stiell, apelando para um trabalho conjunto num plano de transição climática.
Falando na Universidade ADA em Baku, cidade no Azerbaijão que vai receber a 29.ª conferência das Nações Unidas sobre alterações climáticas (COP29) em novembro deste ano, o responsável sublinhou que sem muito mais financiamento, as conquistas climáticas desaparecerão rapidamente.
“Precisamos de torrentes e não gotas de financiamento”, salientou Stiell, acrescentando que o investimento na transição climática é “essencial para construir confiança” e alcançar compromissos mais ambiciosos.
Insistindo na redução das emissões de gases com efeito de estufa e no desenvolvimento da resiliência climática, Stiell notou que 2023 foi o ano mais quente da história por larga margem e alertou que será necessário um “esforço olímpico” nos próximos dois anos para avançar até onde o planeta precisa de estar em 2030 e 2050.
“Na verdade, as ações que tomarmos nos próximos dois anos determinarão quanta destruição causada pelo clima poderemos evitar nas próximas duas décadas e além disso”, disse.
Na COP28, realizada em finais de 2023 no Dubai, os países acordaram “fazer a transição” dos combustíveis fósseis e triplicar a capacidade das energias renováveis até 2030, mas não se registaram progressos no desbloquear de fundos financeiros para os países em desenvolvimento, principal ponto de discórdia nas negociações climáticas a nível mundial.
Os países devem definir até à COP30, no Brasil em 2025, uma revisão ambiciosa das suas metas nacionais de redução de emissões a serem alcançadas até 2035.
A maioria não tem conseguido cumprir os seus objetivos de descarbonização, que já eram insuficientes para se conseguir limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos valores médios da época pré-industrial.
Apesar dos progressos, as emissões mundiais ainda não começaram a diminuir de forma sustentável.