Imaginas o interior do teu próximo automóvel fabricado à base de café, ovos, nozes, arroz ou lentilhas? À primeira vista pode parecer estranho e pouco provável de acontecer, mas a Callum, empresa de design e engenharia que cria produtos à medida e de edição limitada, quer provar o contrário.
A empresa britânica está a desenvolver um projeto que visa incorporar resíduos alimentares, de embalagens e de têxteis em materiais que possam ser usados no habitáculo de automóveis, capazes de satisfazer os requisitos de segurança, conforto e durabilidade da indústria. O objetivo passa por substituir os atuais plásticos.
Reunida uma equipa composta por designers e engenheiros, em parceria com a empresa “green-tech” Ottan, a Cullum conseguiu identificar materiais possíveis de ser usados no fabrico de automóveis, mas de base sustentável, tais como polpa de café, cascas de ovos, lentilhas vermelhas, nozes e arroz.
Quando misturadas com resina, as cascas de ovo podem criar um material liso e opaco com uma superfície brilhante ou fosca que pode ser usado em diferentes componentes. E caso a essa mistura forem ainda adicionadas cascas de noz, o conteúdo reciclado aumenta de 78% para 84%.
Já o arroz ou as lentilhas podem ser transformadas num material translúcido suave, ideal para superfícies iluminadas do automóvel, tais como coberturas de lâmpadas ou interruptores. A polpa de café, por seu turno, poderia substituir os plásticos tradicionais por acabamentos brilhantes e decorativos a integrar nos painéis do tablier.
Ainda no domínio dos resíduos alimentares, a polpa de cenoura roxa (com uma cor semelhante à da amora), ou as folhas de árvores, podem ser recicladas e transformadas para produzir um material sustentável com acabamento natural. Este poderia ser usado, por exemplo, na consola central.
Os resíduos têxteis foram identificados pela Cullum como possíveis de ser usados no fabrico das estruturas dos bancos, enquanto o plástico recolhido dos oceanos permite produzir Camira, um tecido que poder ser usado no seu revestimento.
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Féline, um outro material macio produzido a partir de garrafas PET, e Econyl, um material que utiliza tapetes de nylon ou redes de pesca para criar um novo tecido resistente, foram igualmente identificados pela Cullum como alternativas sustentáveis para integrar os automóveis do futuro próximo.