O governo sul-coreano e as empresas privadas daquele país estão empenhadas em tomar a liderança na corrida ao fornecimento de baterias para veículos elétricos (VE), numa altura em que a indústria procura novas soluções de baixo custo, peso reduzido e maior rapidez no carregamento.
Numa altura em que se verifica um esforço dos construtores de automóveis europeus e norte americanos em produzirem as suas próprias baterias e assim reduzirem a dependência do mercado asiático (Coreia do Sul, China e Japão são os maiores produtores de baterias para VE do mundo), o estado e o tecido empresarial da Coreia do Sul vão unir-se no sentido de solidificar a liderança da nação no sector das baterias recarregáveis.
Para apoiar o sector privado e fomentar o crescimento, o Ministério do Comércio, Indústria e Energia sul-coreano anunciou uma política abrangente de apoio à indústria, denominado K-Battery, cujo principal objetivo é fomentar a colaboração entre empresas e o governo para desenvolver a tecnologia de baterias da próxima geração, expandir as cadeias de abastecimento locais e criar procura em várias áreas através de incentivos fiscais.
“Se os chips desempenham o papel do cérebro, as baterias podem ser vistas como o coração que alimenta o corpo”, referiu o ministro da indústria Moon Seung-wook durante a sua visita à fábrica da LG Energy em Ochang, 120 quilómetros a sul de Seul. "O governo vai canalizar todos os seus recursos para estimular o setor das baterias, enquanto principal motor económico equivalente à indústria do chip", completou.
Os fabricantes de baterias da Coreia do Sul, entre os quais se destacam a LG Energy Solution Ltd., a Samsung SDI Co. e SK Innovation Co. (com um terço do mercado global de baterias para VE nos primeiros cinco meses deste ano), bem como as e empresas relacionadas, irão receber até 50% de desconto no imposto que incide sobre as despesas de I&D e um corte de 20% no imposto sobre investimentos em instalações.
O alvo definido pelo estado sul-coreano é quase triplicar as exportações de baterias até 2030: dos 7,5 mil milhões de dólares registados em 2020 para 20 mil milhões de dólares. As três principais empresas do setor comprometem-se a investir um total de 35,3 mil milhões de dólares durante a próxima década.
Ao nível da produção, o foco são as baterias de próxima geração, ou seja, as de estado sólido. Comparativamente às de iões de lítio, aquelas permitem armazenar mais energia no mesmo espaço e representam um menor risco de incêndio. Contudo, ainda são caras, em especial devido aos custos de desenvolvimento inicial e à dificuldade de produção em massa. Estima-se que o mercado das baterias de estado sólido cresça para 8 mil milhões de dólares até 2031.
O governo sul-coreano prometeu ainda apoiar projetos de desenvolvimento de matérias-primas no estrangeiro e fazer esforços diplomáticos para assegurar uma cadeia de abastecimento estável para o fabrico de baterias, como forma de fazer face a potenciais faltas de abastecimento, ao mesmo tempo que explora formas de recuperar metais essenciais, tais como o níquel e o cobalto, a partir de baterias usadas.