A Nissan Europa estará ficará com o seu modelo de negócio em risco na perspetiva de um Brexit sem acordo. A afirmação dos responsáveis da marca japonesa no mercado europeu foi feita no dia em que a produção do novo Juke arrancou na fábrica de Sunderland, no Reino Unido (RU).
Uma eventual saída dos britânicos da União Europeia (EU) sem acordo poderá levar, sob as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), à imposição de uma tarifa de 10% sobre os carros da marca japonesa fabricados no Reino Unido com o mercado europeu como destino.
“Se estivermos numa situação em que amanhã temo de aplicar tarifas de exportação de 10 por cento sobre 70 por cento das nossas vendas, todo o modelo de negócio da Nissan Europa ficará em risco”, afirmou o seu presidente, Gianluca de Ficchy, ao «The Guardian».
A Nissan assinalou nesta quinta-feira o arranque da produção do Juke num investimento de 100 milhões de libras (cerca de 113 milhões de euros) na fábrica de Sunderland, unidade que emprega 6 mil pessoas – num total de 30 mil trabalhadores que dependem da cadeia de distribuição da marca japonesa – e que tem previsto receber também a produção do Qashqai.
Mas essa era uma situação prevista em 2016 quando o governo britânico liderado pela antiga primeira-ministra, Theresa May, deu garantias de que a Nissan seria protegida de um impacto do Brexit. No presente, a três semanas da anunciada data de saída, a 31 de outubro, e sem um acordo à vista entre RU e UE, a fabricante japonesa continua a dizer-se “frustrada hoje, como [estava] antes”.
“Não há clareza”, lamentou De Ficchy. A Nissan mantém-se em conversações com o governo agora liderado por Boris Johnson e o presidente da divisão europeia da marca preocupa-se em frisar que um Brexit sem acordo será fatal: “Se a inexistência de um acordo significa a aplicação súbita dos [termos] da OMC, sabemos que o nosso modelo de negócio [na Europa] não será sustentável no futuro.”