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Uso desenfreado de trotinetes ameaça segurança de invisuais

Utilização indevida, mau estacionamento, abuso de velocidade e atropelos diversos são problemas a ter em conta
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Trotinetes e invisuais (Foto: Direitos Reservados)
Trotinetes e invisuais (Foto: Direitos Reservados)

A denúncia chega da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO): a falta de civismo e a utilização sem cumprimento de regras está a tornar as trotinetes numa ameaça constante para a utilização do espaço público pelos invisuais.

Rodrigo Santos, presidente da ACAPO referiu em declarações à Lusa que os invisuais estão a ficar com medo de utilizar o espaço público.

Multiplicam-se “os relatos de trotinetes a circular no passeio, em velocidades de automobilismo, em corridas”.

A somar aos problemas que já existem nas cidades com carros parados, carrinhas a efetuar descargas e motas em cima dos passeios, surge agora o problema das trotinetes.

E, tal como com os outros transportes, não é apenas a circulação abusiva, mas também o verdadeiro abandono de veículos destes em cima do passeio que causa um duplo transtorno.

Os invisuais sentem o “agudizar do sentimento de isolamento de quem não vê”, refere o presidente da ACAPO.

Falta melhor regulamentação de trotinetes a nível nacional

Em muitos municípios, o uso de trotinetes está regulamentado, como acontece, por exemplo, no Porto, onde o regulamento dos Serviços de Partilha em Modos Suaves de Transporte da Câmara Municipal estipula que é "proibida a circulação de veículos de serviços de partilha em arruamentos pedonais, praças, jardins urbanos e passeios", mas são diários os relatos de desrespeito pela lei.

“Infelizmente, chegam-nos vários relatos de trotinetes a circular nos passeios, em velocidades de automobilismo, em corridas."

"É muito giro para os turistas mas perigoso para um peão, ainda mais para um invisual. O problema não está na trotinete, mas no uso desenfreado e sem civismo de quem a usa”, salientou Rodrigo Santos.

Além das trotinetes a circular, à ACAPO chega outra queixa, as trotinetes que ficam mal estacionadas: “É ver junto dos interface de transportes públicos, seja no Cais do Sodré, no Oriente, em Lisboa, seja na Trindade ou em S. Bento, no Porto, as inúmeras trotinetes abandonadas, amontoadas e espalhadas. É em passadeiras, é junto às paragens. Vai além da imaginação”, enumerou.

“O medo de ter acidentes, de se magoarem, de tropeçarem numa trotinete mal parada leva a que muitos invisuais evitem sair de casa. O que é que isto provoca? Aumenta o sentimento de solidão, isolamento, de falta de integração na vida das cidades. São mazelas que vão muito além das físicas”, denunciou.

Segundo o responsável, o mau uso de trotinetes e o desrespeito pelas leis de circulação daquele veículo têm consequências “além das físicas” e “até mais graves”.

Falta claramente legislação mais apertada e também maior sensibilização dos utilizadores.

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