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COP26: Pacto Climático mantém vivos objetivos de Paris, mas exige ação rápida

Ações-chave referem diminuição do uso de carvão e maior apoio financeiro aos países em desenvolvimento. Ainda assim, muitos dos objetivos ficaram por ser alcançados

Depois de duas semanas de negociações, de vários rascunhos e de alterações de última hora, as quase 200 nações na COP26, em Glasgow, aprovaram o que será o documento com as ações-chave para o clima. O acordo que ficou fechado no sábado, 13 de novembro, um dia depois do previsto, é o primeiro que aponta os combustíveis fósseis como um dos principais responsáveis pelo aquecimento global.

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De acordo com a Reuters, muitas das nações signatárias esperavam conseguir um documento mais forte, com medidas mais eficazes para a descarbonização. Ainda assim, o acordo reafirma a vontade de limitar o aumento anual da temperatura média global a menos de 2ºC acima dos níveis pré-industriais e a fazer esforços para limitar a 1,5ºC, como ficou definido em 2015, no Acordo de Paris.

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Para tal, é necessário uma “rápida, profunda e sustentável redução de emissões globais de gases de efeito estufa, incluindo a redução global de emissões de dióxido de carbono em 45% até 2030 relativamente aos níveis de 2010 e conseguir as emissões zero por volta do meio do século”, pode ler-se na versão divulgada no site na UNFCC. No documento, há um pedido às partes para considerarem ações extra para a redução de gases de efeito estufa.

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Alok Sharma, presidente da COP26

Alok Sharma, presidente da COP26, referiu que se pode dizer “com credibilidade que mantivemos o objetivo dos 1,5ºC vivo. Mas a pulsação está fraca e só irá sobreviver se mantivermos as nossas promessas e traduzirmos os compromissos em ações rápidas.

A alínea referente ao carvão foi ainda alvo de alteração no último minuto, quando a Índia, apoiada por outros países como a China, rejeitou que o documento referisse o fim das energias a carvão. Como tal, ficou definido que se deve reduzir a utilização deste tipo de energia, não havendo referência ao gás natural e ao petróleo.

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Em relação às finanças do ambiente, fica o pedido aos países desenvolvidos para entregarem com urgência o objetivo de aproximadamente 87 mil milhões de euros às nações em desenvolvimento para que estas consigam cumprir as suas metas para o clima.

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Apesar dos avanços, havia quem esperasse mais da Cimeira do Clima, em Glasgow. António Guterres, o secretário-geral da ONU, referiu, num comunicado publicado no site da UNFCC, que muitos dos objetivos não foram alcançados, mas que houve um primeiro passo que poderá dar a fundação para o progresso ambiental.

António Guterres, secretário-geral da ONU

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O nosso frágil planeta está a aguentar-se por um fio. Continuamos a bater na porta da catástrofe climática. É altura de entrar em modo de emergência ou as nossas hipóteses de chegarmos ao net-zero vão ser elas próprias zero”, escreve António Guterres.

O secretário-geral deu destaque a alguns dos objetivos que acabaram por não ficar resolvidos na cimeira, como o fim dos subsídios aos combustíveis fósseis, o fim do carvão e o desenvolvimento da resiliência das comunidades mais vulneráveis.

A ativista sueca Greta Thunberg também já reagiu ao fim da cimeira, dizendo no Twitter que o novo pacto não passa de "blá blá blá" e que a luta pelo clima e pelo ambiente continua fora das salas da cimeira. 

(Fotos: UNFCC/Flickr, Karwai Tang/ Governo do Reino Unido e B. O'Donnell/Unsplash)

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