Todos os dias, na Europa, são queimadas 10 mil toneladas de trigo para a produção de bioetanol para transportes. Isto é o equivalente a 15 milhões de pães de 750 gramas. Face a estes números, a Transport & Environment (T&E), responsável pelo estudo, pede que se pare de queimar este cereal para a produção de biocombustíveis.
Apesar de falarmos aqui que é possível produzir biocombustíveis a partir de lixo e resíduos, a verdade é que a grande maioria dos biocombustíveis usados na Europa são produzidos a partir de culturas alimentares.
PUB
A Rússia e a Ucrânia são dos principais exportadores de óleo de girassol, trigo, cevada e milho a nível global. Os dois países juntos exportam 26,6% da quantidade de trigo usado a nível mundial e 60% do óleo de girassol. Com a invasão russa da Ucrânia, o fornecimento destes alimentos ficou comprometido.
De acordo com a T&E, caso a Europa deixasse de produzir biocombustíveis com trigo, seria possível compensar em cerca de 20% as falhas de fornecimento do cereal ucraniano. Apesar de na Europa, as importações de trigo da Rússia e Ucrânia serem muito baixas, há países altamente dependentes que poderiam beneficiar com a quantidade extra garantida pela Europa.
PUB
A organização refere que, com a crise energética que também tem ganhado novas proporções, o lobby dos biocombustíveis na Europa tem pedido aos governos para substituir o petróleo russo pelos biocombustíveis.
O alerta que deixa a T&E, juntamente com outras organizações não governamentais europeias, é que os governos parem de utilizar culturas alimentares para produzir bioetanol e biocombustível para que não seja posta em causa a garantia de alimentos para a população mundial.
(Fotos: R. Ramdas/Unsplash e A. Shvets/Pexels
PUB