Muito se tem falado na crise no fornecimento de chips como motivo para as quebras de produção por parte dos fabricantes de automóveis e consequente falta de unidades para entrega aos clientes. Mas esse parece ser apenas um dos componentes cujas cadeias de abastecimento enfrentam dificuldades. Previsões revistas para este ano indicam que o atual cenário poderá resultar em perdas para os construtores de automóveis a rondar os 181 mil milhões de euros, cerca do dobro do que se previa no início do ano.
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Ao acentuado desnível da balança oferta/procura de semicondutores, soma-se a escassez e consequente subida de preços de outros produtos, como o aço e a resina plástica, o que está a obrigar os construtores a abrandarem a produção de veículos, assegura a consultora Alixpartners. Já em maio, esta previa que os fabricantes iriam ter uma quebra de 95 mil milhões de euros em receitas e que iriam produzir menos 3,9 milhões de veículos. Contudo, a continuada escassez de materiais e componentes essenciais para o fabrico de veículos veio alterar as previsões e para pior. No fim do ano, os construtores terão produzido menos 7,7 milões de veículos e terão faturado menos 181 mil milhões de euros.
Ao contrário do que os próprios fabricantes anteviam, o normal fluxo das cadeias de abastecimento não está a ser restabelecido, nem tão pouco estão a descer os preços dos materiais, como esperavam que acontecesse à medida que o ano entra no último trimestre. A consultora Alixpartners tem uma visão semelhante e vai mais longe, ao antever um cenário negro para os próximos tempos.
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"Tínhamos inicialmente presumido que voltaríamos ao normal e recuperaríamos o volume no quarto trimestre”, confessou à Reuters, Dan Hearsch, da Alixpartners. “Isso não vai acontecer. Pelo contrário, os fabricantes de automóveis poderão vir a ter stocks pequenos até ao final de 2022 ou início de 2023.”
No caso dos chips, são agora necessárias 21 semanas para satisfazer uma encomenda. “Esta parece ser a escassez de fornecimento mais prolongada que a indústria já conheceu, uma vez que ainda não acabou”, frisou Dan Hearsch. "É certamente a de maior alcance, pois está a acontecer em todo o mundo.”
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