Atividade sísmica nos Açores obriga a preparação de cenários de evacuação

Desde sábado que já se registaram mais de 1800 sismos com epicentro na ilha de São Jorge

Os últimos dias têm sido de preocupação para a população e o Governo Regional dos Açores. Desde sábado, dia 19 de março, que se tem registado atividade sísmica acima dos valores de referência na ilha de São Jorge, o que obrigou o Governo local a preparar cenários de retirada de pessoas caso surja um sismo de maior magnitude ou até uma possível erupção vulcânica.

Na terça-feira, foi divulgado que já se tinham registado mais de 1800 sismos na ilha de São Jorge, sendo que a população sentiu 104.

Hoje, dia 23 de março, de acordo com o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA), foi registado um sismo de magnitude de 2,7 na escala de Richter, às 6h53 (hora local), nas freguesias de Sto. Amaro e Velas. Este terá sido dos mais intensos desde que se começou a registar atividade sísmica na ilha.

Uma das principais preocupações do Governo Regional prende-se com o facto de o epicentro na massa tectónica ocorrer na própria ilha e não no mar. Isto provoca fissuras na rocha que podem fazer com que o magma vulcânico suba à superfície. Ainda assim, até agora, não se registou elevação da manta magmática.

Neste momento, já estão a ser preparados meios de resposta caso seja necessário avançar com evacuação e prestar cuidados de saúdes especiais, referiu secretário regional da Saúde, Clélio Meneses, em conferência de imprensa.

De acordo com a Lusa, citando Clélio Meneses, que também tutela a Proteção Civil, já foram contactados uma empresa de transporte marítimo e as Forças Armadas para estarem em alerta caso seja necessário retirar pessoas da ilha. Meios humanos do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores (SRPCBA) e do CIVISA já foram enviados para São Jorge. Bombeiros de outras ilhas estão também a preparar-se caso seja necessário agir.

Vários meios como reboque multivítimas, equipamento de busca e intervenção em estruturas colapsadas e câmaras de busca já foram enviados para a ilha de São Miguel.

“Estamos preparados para acudir em tempo real, sabendo que estamos perante uma catástrofe, se acontecer. Se não acontecer, ainda bem e só prova que o Serviço Regional de Proteção Civil dos Açores, os bombeiros da região e todo o Serviço Regional de Saúde estão preparados para acudir intempéries”, afirmou o secretário regional da Saúde, citado pela Lusa.

Em comunicado, o CIVISA e o SRPCBA pedem que se evite deslocações não essenciais para a ilha de São Jorge “de forma a não criar constrangimentos adicionais num eventual socorro à população”.

Apesar da elevada atividade sísmica registada na ilha, de acordo com a escala de Richter, a magnitude dos sismos ainda os faz serem classificados como muito pequenos.

A classificação na escala de Richter é dividida em dez níveis, sendo que menos de 2,0 é micro, de 2,0 a 2,9 é muito pequeno, de 3,0 a 3,9, pequeno, de 4,0 a 4,9, ligeiros, de 5,0 a 5,9, moderado, de 6,0 a 6,9, forte, 7,0 a 7,9, grandes, 8,0 a 8,9, importantes, 9,0 a 9,9 excecionais e superior a dez é considerado extremo.

(Fotos: K. Sakhibgareev e P. Taton/Unsplash e L. Nebuloni e AnetteWho/Flickr)