Neste momento, todos enfrentamos o mesmo problema: o aquecimento global. Fala-se disso nas notícias, há cimeiras sobre o tema e os países chegam-se à frente (ou não) para criar políticas que limitem as emissões de gases de efeito de estufa. Fazemo-lo porque estamos a chegar ao ponto de não retorno e, de outra maneira, não há como viver na Terra.
Para se perceber qual será o melhor caminho a tomar para se conseguir estabilizar o clima, têm sido feitos vários estudos e investigações. Recentemente, a organização Instituto de Políticas Transporte e Desenvolvimento (ITDP) publicou o relatório The Compact City Scenario – Electrified (em português, O Cenário das Cidades Compactas – Eletrificado) que apresenta quatro cenários para o desenvolvimento das cidades e demonstra o impacto que cada um deles teria e terá no ambiente.
As cidades estão em constante crescimento e mutação e é importante orientar estes fenómenos de maneira a que sejam sustentáveis. O que nos diz o relatório da ITDP é que há quatro posturas no que diz respeito ao desenvolvimento urbano:
- Business as Usual: continuamos como estamos, construindo cidades focadas em carros e não em pessoas e a investir em veículos com motor de combustão a gasolina ou a gasóleo;
- High Shift: construímos cidades compactas que permitem às pessoas deslocarem-se mais a pé, de bicicleta, trotinete ou transportes públicos e continuamos a investir em veículos a combustíveis fósseis;
- High EV: todos os veículos novos, no mundo, a partir de 2040 são elétricos, no entanto as cidades continuam dispersas e focada nos carros;
- EV + Shift: investimos em cidades compactas e garantimos que todos os veículos vendidos no mundo a partir de 2040 são elétricos.
Cada uma destas opções traz consigo um impacto ambiental maior ou menor. Como se tem falado, mantermos o nosso modo de vida é insustentável para o planeta e terá implicações catastróficas no clima. Mas e as outras três opções? Qual é a sua viabilidade?
De acordo com o relatório, apenas uma delas terá realmente o impacto desejado. Por mais que os transportes a energias fósseis emitam 10% dos gases de efeito de estufa, eliminá-los completamente não é suficiente. Da mesma forma que ter cidades compactas que permitem deslocações menos poluentes, com veículos de motor a combustão nas estradas, não é uma opção viável.
A conclusão do relatório é simples: necessitamos de mudar o planeamento urbanístico, criando cidades facilmente navegáveis sem ser de carro, ao mesmo tempo que apostamos na eletrificação do parque automóvel mundial. Desta forma, a qualidade de vida aumenta substancialmente, diminuindo o número de mortes na estrada, melhorando a saúde mental e física das pessoas, ao mesmo tempo que se diminui a poluição e reduz-se drasticamente as emissões de dióxido de carbono.
Cidades pelo mundo começam a implementar zonas zero emissões |
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Um pouco por todo o mundo já começam a surgir cidades que estão a apostar nesta mudança. A cidade do México, por exemplo, é destacada no relatório por ter um sistema de partilha de bicicletas e por ter políticas que desincentivam o uso de carros no centro. Londres e Milão são duas cidades que também são referidas por terem zonas de zero ou baixas emissões para desincentivar o uso de carros.
(Fotos: A. Leopardi, L. Zorzi, A. Roberts e M. Quinn/Unsplash)