Sustentabilidade

Reciclagem de baterias: a solução pode estar nas bactérias vivas

A reciclagem de baterias usadas tende a ser um problema cada vez mais complicado, mas há uma forma simples e natural de o atenuar
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Bactérias podem solucionar reciclagem de baterias
Bactérias podem solucionar reciclagem de baterias
Estádio em Abu Dhabi no Mundial de Futebol Qatar 2022 com contentores reciclados

Atualmente, há praticamente 1,5 biliões de automóveis a circular no planeta. Se todos fossem locomovidos com combustíveis fósseis, a poluição seria ainda mais elevada do que já é. No entanto, nesta moda de eletrificação que continua a ser vista como o futuro mais provável, surgem também novos problemas. Nomeadamente, os que estão relacionados com a necessidade de obter materiais como o lítio, cobalto, níquel e manganês, necessários para a produção das baterias que alimentam os carros elétricos.

O tempo de vida útil das baterias dos automóveis elétricos anda entre os oito e os dez anos, sendo que apenas cinco por cento de todas as baterias produzidas é que chegam mesmo à fase de reciclagem, o que deixa o sector a pensar como poderá aumentar este número, em vez de continuar a aumentar a sua dependência de novos materiais.

 

A maioria das baterias usadas são derretidas com o objetivo de extrair o metal utilizado na sua produção. Este é um processo complexo, que exige instalações especificas, de dimensões consideráveis e que acabam também por consumir demasiada energia e dar origem a um valor elevado de emissões poluentes. Está previsto que o valor de mercado de reciclagem de metais duplique num período de apenas cinco anos, mas continuam a ser necessários métodos mais eficientes em termos energéticos. Um como um processo natural que já é usado há décadas.

O bioleching ou biominagem, prevê a utilização de micróbios capazes de oxidar o metal como parte do seu metabolismo. É um processo que tem sido utilizado na indústria mineira há diversos anos, com o objetivo de extrair os metais mais preciosos de todo o minério encontrado. Esta é uma técnica que também tem sido utilizada na limpeza e recuperação de componentes eletrónicos, como placas de circuitos integrados, painéis solares e até mesmo em água contaminada e depósitos de uranio.

 

Num projeto que está a ser estudado na Universidade de Coventry, foi descoberto que esta técnica também pode ser utilizada nas baterias usadas, sendo assim possível recuperar os metais que estas incluem, sem a necessidade de utilização de altas temperaturas ou produtos químicos de elevada toxicidade. Os metais purificados constituem elementos químicos e podem por isso ser reciclados indefinidamente.

O Bioleaching envolve o crescimento de bactérias em incubadoras a cerca de 37°C, muitas vezes utilizando dióxido de carbono. Utiliza apenas uma ínfima parte de energia do que as convencionais instalações de reciclagem, o que se traduz numa pegada de carbono claramente inferior. Além disso, este é um processo que pode ser feito localmente, o que reduz a dependência da produção de materiais tão raros.

As baterias destinadas a automóveis elétricos são ainda uma tecnologia recente, mas a sua reutilização tem de começar a ser ponderada desde o momento da sua conceção, em vez de permanecer apenas como uma reflexão posterior e este processo de Bioleching pode muito bem ser uma das melhores soluções, uma vez que consegue produzir matéria-prima de elevada qualidade para novas baterias, com um custo ambiental muito mais reduzido.

(Fotos: Pexels)

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