Sustentabilidade

Reciclagem de baterias: a solução pode estar nas bactérias vivas

A reciclagem de baterias usadas tende a ser um problema cada vez mais complicado, mas há uma forma simples e natural de o atenuar
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Bactérias podem solucionar reciclagem de baterias
Bactérias podem solucionar reciclagem de baterias

Atualmente, há praticamente 1,5 biliões de automóveis a circular no planeta. Se todos fossem locomovidos com combustíveis fósseis, a poluição seria ainda mais elevada do que já é. No entanto, nesta moda de eletrificação que continua a ser vista como o futuro mais provável, surgem também novos problemas. Nomeadamente, os que estão relacionados com a necessidade de obter materiais como o lítio, cobalto, níquel e manganês, necessários para a produção das baterias que alimentam os carros elétricos.

O tempo de vida útil das baterias dos automóveis elétricos anda entre os oito e os dez anos, sendo que apenas cinco por cento de todas as baterias produzidas é que chegam mesmo à fase de reciclagem, o que deixa o sector a pensar como poderá aumentar este número, em vez de continuar a aumentar a sua dependência de novos materiais.

 

A maioria das baterias usadas são derretidas com o objetivo de extrair o metal utilizado na sua produção. Este é um processo complexo, que exige instalações especificas, de dimensões consideráveis e que acabam também por consumir demasiada energia e dar origem a um valor elevado de emissões poluentes. Está previsto que o valor de mercado de reciclagem de metais duplique num período de apenas cinco anos, mas continuam a ser necessários métodos mais eficientes em termos energéticos. Um como um processo natural que já é usado há décadas.

O bioleching ou biominagem, prevê a utilização de micróbios capazes de oxidar o metal como parte do seu metabolismo. É um processo que tem sido utilizado na indústria mineira há diversos anos, com o objetivo de extrair os metais mais preciosos de todo o minério encontrado. Esta é uma técnica que também tem sido utilizada na limpeza e recuperação de componentes eletrónicos, como placas de circuitos integrados, painéis solares e até mesmo em água contaminada e depósitos de uranio.

 

Num projeto que está a ser estudado na Universidade de Coventry, foi descoberto que esta técnica também pode ser utilizada nas baterias usadas, sendo assim possível recuperar os metais que estas incluem, sem a necessidade de utilização de altas temperaturas ou produtos químicos de elevada toxicidade. Os metais purificados constituem elementos químicos e podem por isso ser reciclados indefinidamente.

O Bioleaching envolve o crescimento de bactérias em incubadoras a cerca de 37°C, muitas vezes utilizando dióxido de carbono. Utiliza apenas uma ínfima parte de energia do que as convencionais instalações de reciclagem, o que se traduz numa pegada de carbono claramente inferior. Além disso, este é um processo que pode ser feito localmente, o que reduz a dependência da produção de materiais tão raros.

As baterias destinadas a automóveis elétricos são ainda uma tecnologia recente, mas a sua reutilização tem de começar a ser ponderada desde o momento da sua conceção, em vez de permanecer apenas como uma reflexão posterior e este processo de Bioleching pode muito bem ser uma das melhores soluções, uma vez que consegue produzir matéria-prima de elevada qualidade para novas baterias, com um custo ambiental muito mais reduzido.

(Fotos: Pexels)

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