Numa altura em que a seca em Portugal está no centro das discussões e em que cada vez mais estudos sobre o impacto das alterações climáticas são publicados, as Nações Unidas (ONU) lançam um novo relatório que destaca três questões ambientais que necessitam de receber a máxima atenção dos governos do mundo.
A quarta edição do relatório Frontiers, desenvolvido pelo programa ambiental da ONU (UNEP) aponta a poluição sonora nas cidades, a crescente ameaça dos fogos e as mudanças nos eventos sazonais como as três principais áreas a ter em consideração e destaca possíveis soluções para mitigar as questões ambientais.
Poluição sonora nas cidades
No mundo, não há silêncio. O som é uma constante e, quando não são desejados, tornam-se barulho. É a partir do momento que este barulho é demasiado alto e persistente que se torna poluição sonora, um fenómeno que tem impacto direto na saúde pública.
De acordo com o relatório, na Europa, a exposição prolongada a barulho é responsável por 12 mil mortes prematuras e é responsável por cerca de 48 mil novos casos de isquemia cardíaca por ano.
Os principais responsáveis pela poluição sonora nas cidades é o tráfego, as ferrovias e as aticidades de lazer que acabam por influenciar não só a saúde das pessoas, como também a comunicação acústica das espécies que vivem nas áreas urbanas.
As soluções para este problema sonoro passam por apostar nos transportes elétricos, muito mais silenciosos, assim como em planear e desenvolver espaços verdes, como fileiras de árvores, parques e telhados verdes, que têm a capacidade de absorver energia acústica e reduzir a amplificação do som.
Incêndios florestais descontrolados
As mudanças climáticas, com temperaturas mais elevadas do que o normal e períodos de seca, conduzirão a fogos florestais mais intensos e frequentes, algo inclusivamente já referido no estudo da Agência Europeia do Ambiente.
De acordo com o Frontiers 2022, aquilo que é chamado de wildfires – os incêndios selvagens – são um mecanismo normal do planeta. No entanto, o ser humano, com o impacto que tem no ambiente e na vegetação, faz com que estes incêndios se tornam maiores, mais comuns e mais devastadores. Por isso, os impactos não serão apenas na vida humana, como também na biodiversidade, podendo pôr em risco mais de 4,4 mil espécies terrestres e marinhas.
Alterações climáticas agravam desastres naturais
Para combater estes incêndios devastadores, a ONU propõe que se invista na redução do risco de incêndios, assim como no desenvolvimento de programas de prevenção e resposta.
Ritmo da natureza
A temperatura, a duração dos dias e as chuvas são os principais guias para os animais e as plantas. Apoiam-se nos fenómenos meteorológicos naturais para, por exemplo, identificar épocas de migração, no caso dos animais, e para saber quando desabrochar e dar fruto, no caso das plantas.
Esta sincronia deixa de funcionar na perfeição a partir do momento que o aquecimento global altera as condições do clima. E o problema agrava-se porque as alterações estão a acontecer a um ritmo que torna praticamente impossível as plantas e os animais adaptarem-se.
Sobre este fenómeno, a UNEP alerta que é importante fazer mais investigação, mas não deixa de frisar a importância de controlar as emissões de CO2 para limitar o máximo possível o aquecimento global.
(Fotos: Unsplash)