Sustentabilidade

Transição para veículos elétricos pode custar 500 mil empregos na UE

Associação Europeia dos Fornecedores da Indústria Automóvel defende abordagem tecnológica mista, de forma a mitigar possíveis ruturas sociais
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Estudo informa de possível impacto da transição para EV
Estudo informa de possível impacto da transição para EV

Apostar na transição para veículos elétricos como forma de reduzir as emissões de gases poluentes, sim, mas de forma progressiva e deixando outras opções em aberto. A sugestão parte da CLEPA, Associação Europeia dos Fornecedores da Indústria Automóvel, apoiada num estudo que encomendou à PwC Strategy&, o qual avalia o impacto de diferentes vias políticas para atingir os objetivos do Green Deal, sobre o emprego e a riqueza gerada entre os fornecedores europeus da indústria automóvel, no período 2020-2040.

Os diferentes cenários considerados, desde a tecnologia mista – manutenção dos motores de combustão – à existência de apenas veículos elétricos, pressupõem uma eletrificação acelerada para cumprir as metas ambientais. Uma das principais conclusões, e provavelmente a mais preocupante, diz respeito ao mercado de trabalho:

Apostar somente em veículos elétricos levaria à perda de meio milhão de empregos na União Europeia, sendo criados apenas 226 mil.

As contas feitas pela CLEPA dão especial ênfase aos fornecedores da indústria automóvel, responsáveis por mais de 60% dos empregos do setor, uma vez que estas empresas – muitas delas especializadas e PME – não têm a capacidade de reagir tão rapidamente e têm menos acesso a capital para investir na transformação dos seus modelos de negócio.

Biocombustíveis poderão ser solução para o futuro

De acordo com o estudo, 70% do impacto no emprego será sentido já no período de 2030-2035, em especial nos países da Europa Central e Oriental, ainda muito dependentes da produção relacionada com motores de combustão.

Quanto à criação de valor gerada pela transição para motores elétricos, o estudo aponta para que 70% desse valor, cerca de 70 mil milhões de euros, provenha do processo de produção de baterias, o que, segundo a associação europeia, se irá traduzir em mais empregos para funcionários com formação académica e menos para trabalhadores que atualmente fabricam componentes para motores de combustão interna.

Perante os dados fornecidos pelo estudo da PwC Strategy&, a CLEPA recomenda uma “transição para os veículos elétricos planeada e ponderada, que consiste numa abordagem tecnológica mista”.

Há mais opções do que emissões zero e temos de reconhecer o papel que os combustíveis neutros para o clima podem desempenhar na redução das emissões, preservando a escolha do consumidor e a acessibilidade económica, e na manutenção da competitividade global da Europa. A tecnologia não é o inimigo aqui, mas sim os combustíveis fósseis, e a abertura tecnológica será essencial para alcançar uma transição justa”, sublinha Sigrid de Vries, secretária-geral da CLEPA.

(Fotos: Pexels e Unsplash)

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