A questão do desporto motorizado foi mais uma das temáticas levantadas durante a conferência climática COP26 que se realiza em Glasgow.
Não se pode pedir aos automobilistas que aceitem a transição elétrica e depois continuamos a assistir a provas onde a emissão de CO2 supera a hora de ponta de uma cidade.
O que vai acontecer aos desportos como a Fórmula 1, Campeonato Mundial de Ralis ou Mundial de Motociclismo? Como manter a emoção, respeitar os milhões de aficionados, mas, ao mesmo tempo, assegurar um futuro mais sustentável?
A questão não é de fácil resposta, mas o desporto motorizado, carros e motas, sempre respondeu aos mais diversos desafios e a verdade é que muita tecnologia e dispositivos de segurança nascem de necessidades criadas no desporto que passam para os veículos de estrada. São disso exemplo o controlo de tração e outros elementos eletrónicos.
Mas será que os construtores e organizações já estão a fazer o necessário para a transição energética e proteção climática?
O estado atual das competições
A Formula 1 tem evoluído na tecnologia dos motores para reduzir o consumo de combustível e as emissões, mas é verdade que todo o glamour atual é baseado em motores que rondam os mil cavalos de potência e cujas prestações e emoção não tem paralelo em nada que seja 100% elétrico.
Uma das opções pode passar por combustíveis sintéticos feitos a partir da recolha de CO2 do ar, resíduos agrícolas ou biomassa. Mas ainda assim a produção destes combustíveis não é em si livre de carbono.
A organização da F1 revelou recentemente que em 2025 pretende revelar as especificações de um motor que seja híbrido e neutro em carbono, sendo isto conseguido com um misto entre eletrificação e combustíveis sintéticos.
Uma recente auditoria revelou que a Formula 1 produz mais de 250 mil toneladas de CO2 todos os anos, mas espera alcançar neutralidade carbónica em 2030.
Nos ralis a partir do próximo ano já irão competir veículos com tecnologia híbrida. E no caso das competições de Grande Turismo (como é o caso de Le Mans, onde participa o Alpine da foto mais acima) já estão a preparar-se para a existência de uma classe para veículos a hidrogénio pensada para 2025.
Nas competições de motas parece ser um pouco mais complicado. De todos os desportos, este, é, sem dúvida, um onde o som das motas e a emoção das rotações é parte da “festa”. Também a entidade que organiza o atual campeonato do mundo fala em 2024 como um ano onde poderão passar a utilizar combustíveis sintéticos.
O futuro poderão ser as competições elétricas?
A mais conhecida (e promovida) competição de veículos elétricos é a Fórmula E. Esta, já utiliza baterias elétricas desde 2014 e a evolução tem sido enorme. E, esse ensinamento tem sido útil para as marcas desenvolverem melhores veículos elétricos.
A Moto E surgiu um pouco mais tarde, com motas elétricas, também como uma alternativa, mas não tem captado atenções do público.
Mais recentemente surgiu a Extreme E, uma competição com veículos SUV, e, até para o Dakar, este ano, há já projetos com motorizações híbridas, mas ainda não se fala em exigir a presença de veículos 100% sustentáveis.
Está em curso uma revolução em termos de competições com veículos elétricos, mas o destino ainda é uma forte incógnita.
O futuro das competições é de facto aquilo que ainda por vezes é considerado o “elefante na sala” quando se fala de neutralidade carbónica dos automóveis. O caminho será longo… e já agora convém lembrar que existem competições de motonáutica, corridas aéreas, etc…