Em privado, jogadores e staff podem comer o que quiserem, mas nos treinos e em dias de jogo o menu apenas inclui comida vegan. Falamos do Forest Green Rovers, um clube de futebol sediado em Nailsworth, no oeste de Inglaterra, considerado pela FIFA como o mais verde do Mundo.
Fundado em 1889, o Forest Green Rovers sempre competiu no escalão mais baixo do futebol inglês. Mas a época 2021/22 foi diferente. O clube que é também certificado pelas Nações Unidas como neutro em carbono venceu a League Two, correspondente à quarta divisão, e pela primeira vez em 133 anos foi promovido.
Por detrás deste sucesso desportivo está um homem: Dale Vince. O empresário do setor das energias renováveis, que está desde 2010 à frente dos destinos do Forest Green Rovers, introduziu mudanças significativas no clube que agora parecem estar a dar frutos.
Empreendedor no ramo da energia eólica no anos 1990, Dale Vince fundou a empresa Ecotricity e tornou-se milionário. Criou a primeira rede de carregamento de veículos elétricos no Reino Unido e mais recentemente fundou uma empresa de comida vegan.
E foi precisamente pela alimentação que Vince começou a mudar a identidade do Forest Green Rovers – a primeira medida que tomou como presidente foi eliminar as carnes vermelhas nos espaços de restauração do estádio. Mais tarde, o clube eliminou os plásticos de utilização única e apenas passou a ser servida comida vegan aos adeptos, staff e jogadores.
No início, as suas medidas afastaram alguns fãs mais céticos, mas acabaram por atrair uma enorme falange de apoiantes que abraçam as causas que o próprio clube defende.
Em declarações à Bloomberg, Dale Vince salienta que o futebol tem a responsabilidade de usar a sua plataforma para influenciar pessoas e esse é um dos principais motivos que levou o clube a assumir a causa da sustentabilidade. “Os fãs vêm ao estádio, veem o que estamos a fazer e isso fá-los mudar os seus hábitos em casa”, referiu o empresário.
A preocupação com o ambiente e a adoção de medidas sustentáveis no Forest Green Rovers vão, no entanto, muito além da comida vegan. Refletem-se em tudo o que diz respeito à vida do clube.
O estádio é exclusivamente alimentado por energia renovável (em parte gerada pelos painéis solares na cobertura) e o relvado é livre de pesticidas e herbicidas, é regado com a água da chuva recolhida no local e é cortado por um robô movido a energia solar.
No exterior há pontos de carregamento de automóveis elétricos para utilização dos adeptos; a equipa desloca-se num autocarro elétrico e até as camisolas oficiais são produzidas a partir de borras de café.
No futuro, o clube que agora milita na 3.ª divisão do futebol inglês promete continuar a agitar a bandeira sustentabilidade. Para breve está o início da construção do seu novo estádio, o Eco Park. Terá capacidade para 5 mil adeptos e será o primeiro do mudo totalmente feito em madeira. No exterior terá um parque com 500 árvores e 1,8 km de sebes.