António Guterres tem sido uma das vozes mais ativas no combate às alterações climáticas, mas desta vez o Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) foi mais longe, ao afirmar, de forma perentória, que a “bomba-relógio climática está a fazer tiquetaque”.
Perante uma nova avaliação realizada por cientistas, que veio mostrar que não há tempo a perder no combate às alterações climáticas, António Guterres insta os países mais ricos a reduzirem as suas emissões com maior antecipação.
Baseando-se no mais recente relatório-síntese do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC, na sigla original), o Secretário-Geral da ONU frisou que o nível de aumento da temperatura no último meio século é o mais acentuado dos últimos 2000 anos e que as concentrações de dióxido de carbono estão no seu ponto mais alto em pelo menos 2 milhões de anos.
Considerado por Guterres como “um guia de sobrevivência para a humanidade”, o relatório resume os resultados de três avaliações de peritos publicadas entre 2021 e 2022, os quais analisaram a ciência física, os impactos e a mitigação das alterações climáticas, responsáveis por fenómenos climáticos extremos cada vez mais frequentes.
Refletir o sol para baixar temperatura na Terra. Será a solução?
Para além de servir como fonte de informação fidedigna para os decisores políticos, o relatório-síntese funciona também como um guia para um levantamento global das alterações climáticas a ter lugar este ano, no qual os países avaliarão os seus progressos.
De acordo com o IPCC, para que ainda haja possibilidade de limitar o aumento da temperatura a 1,5 graus Celsius é necessário reduzir as emissões para metade até meados dos anos 2030. “Se agirmos agora, ainda podemos assegurar um futuro sustentável e habitável para todos", afirmou Hoesung Lee, Presidente do IPCC, citado pela Reuters.
A entidade destaca que o mundo precisa de acelerar a transição para a energia verde e transformar a agricultura e os hábitos alimentares para ter alguma hipótese de fazer os necessários cortes nas emissões.