A guerra na Ucrânia tem causado um número significativo de vítimas mortais, feridos, famílias destroçadas, assim como o colapso de centenas de edifícios e infraestruturas cruciais. Mas o seu impacto sente-se também no ambiente, uma realidade para a qual duas ONG querem chamar a atenção.
Dados oficiais indicam que 1,24 milhões de hectares de território de reserva natural já foram afetados pela guerra na Ucrânia e que o mesmo aconteceu a 3 milhões de hectares de floresta, dos quais 450 mil hectares estão situados em zonas sob ocupação ou de combate.
É precisamente para evidenciar este cenário de destruição do património ambiental que a Greenpeace e a ucraniana Ecoaction estão a trabalhar em conjunto. As duas ONG criaram um mapa digital onde assinalam os danos ambientais que a invasão russa está a causar em território ucraniano.
A iniciativa pretende despertar consciências para os efeitos nefastos da guerra sobre o ambiente, a que chamam a “vítima silenciosa”. Mas o seu derradeiro objetivo é que as entidades competentes incluam a restauração da natureza nos planos de recuperação da Ucrânia.
A Ecoaction salienta que, após o fim da guerra, as populações continuarão a sentir seu impacto negativo sobre o ambiente durante muito tempo. Os responsáveis da organização acreditam que a reconstrução das cidades tem de acontecer ao mesmo tempo que a restauração da natureza, pelo que apelam a que sejam alocados fundos para esse fim desde já.
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Quanto ao mapa que colocaram on line, as ONG Ecoaction e Greenpeace dividiram responsabilidades na sua realização. À primeira tem cabido a recolha de dados no terreno – uma tarefa que continua a ser feita, mas que se revela, por vezes, muito difícil – ao passo que a segunda trata da confirmação dos dados via satélite e procede ao seu mapeamento.
Acima de tudo, este mapa pretende dar uma panorâmica geral de como a guerra está a afetar os ecossistemas, já que entre quase 900 casos reportados, apenas os cerca de 30 mais graves estão assinalados. Trata-se de territórios onde os fragmentos das munições estão a libertar substâncias que podem afetar toda a cadeia alimentar ou onde dezenas de minas de carvão submersas estão a contaminar os cursos de água subterrâneos.