Os rios do mundo estão com níveis preocupantes de degradação. O alerta é de um estudo realizado a nível mundial que analisou o estado biológico de águas doces através da monitorização de macroinvertebrados bentónicos (organismos presentes no solo aquático) e peixes.
O estudo, que foi liderado por uma investigadora do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) e da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), analisou dados recolhidos através de programas de monitorização em 45 países, entre eles China, Nepal, Nigéria, Brasil e Camboja, áreas com grandes reservas de biodiversidade de águas doces.
Foram identificados níveis elevados de degradação nos ecossistemas dos rios, sendo que menos de metade dos troços estudados têm boa qualidade biológica. 30% dos ambientes analisados estão severamente degradados.
A degradação dos ecossistemas dos rios é provocada maioritariamente pela má qualidade da água, pela falta de áreas protegidas e pelas alterações no uso do solo por agricultura, indústria e urbanização por parte do ser humano.
As zonas identificadas com melhor qualidade biológica tinham a particularidade de serem influenciadas pelo aumento da área florestal e a melhor qualidade da água.
Outro dado interessante do estudo é que as comunidades de peixes estão em piores condições do que as dos invertebrados. As barreiras às deslocações nos rios, como barragens e açudes, parecem estar na origem do problema.
Atualmente, há barreiras um pouco por todo o mundo sendo que 63% dos grandes rios já não correm livremente.
O estudo saliente a importância de se criar medidas de recuperação e estabelecer áreas protegidas de forma a tentar restabelecer a biodiversidade das águas doces e evitar o aumento de espécies invasoras.