Hoje, 17 de maio, celebra-se o Dia Internacional da Reciclagem. Nesta data, criada com o objetivo de alertar para a necessidade de se cuidar dos recursos do planeta e travar o consumismo, a associação ambientalista Zero lançou um alerta sobre a reciclagem em Portugal que parece estar aquém do que seria esperado.
Tendo por base os dados de 2020, a Zero alerta para os maus números que, afirma, são o “resultado da acumulação de anos de políticas erradas”.
Em 2020, Portugal teve uma taxa de reciclagem de resíduos urbanos de 16,1%, valor inferior ao registado em 2019, quando se conseguiu reciclar 21%. Estes resíduos urbanos incluem como plástico, papel, vidro, metais e até compostagem. O número registado em 2020 estão também muito aquém da meta comunitária de 55% que se deverá alcançar até 2025.
A justificar este tombo que se registou de 2019 para 2020, a associação ambientalista refere que a taxa de reciclagem tem descido por várias razões, entre elas, a continua aposta na recolha seletiva e não de porta em porta; fraco tratamento dos biorresíduos e fraca recolha seletiva; taxa de gestão de resíduos muito reduzida e os incentivos económicos à incineração de resíduos urbanos recicláveis.
Outro problema que se verificou foi na gestão de resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos (REEE). Apesar de existirem dados positivos sobre a recolha destes resíduos, de acordo com a Zero, em 2020, os detentores das licenças de recolha apenas concretizaram 15% quando eram obrigados à recolha de 65%.
A contribuir para estes números muito longe dos ideais, a Zero aponta, entre várias falhas, a falta de fiscalização, o incumprimento do setor do comércio e distribuição de recolha de equipamentos velhos na venda de novos e a penalização insuficiente por incumprimento de metas.
A perspetiva da sociedade Ponto Verde
Apesar dos dados apresentados pela associação Zero, a sociedade Ponto Verde aproveita o Dia Internacional da Reciclagem para destacar que Portugal tem capacidade instalada para reciclar mais, especialmente embalagens.
A sociedade Ponto Verde refere ainda que “se cada cidadão reciclasse, em média 4,5 quilogramas de embalagens por mês, seria possível atingir as metas nacionais”.
Ainda assim, a Ponto Verde diz que de 2020 para 2021, Portugal teve uma evolução positiva, tendo enviado para reciclagem 435 mil toneladas de embalagens, mais 6,4% do que no ano anterior.
Este ano, os números também parecem mais animadores. No primeiro trimestre, foram recicladas mais 105 toneladas no que no período homólogo do ano passado. Este crescimento também foi registado pela Electrão.