Numa altura em que a Comissão Europeia prepara-se para definir metas para reduzir o desperdício alimentar até 2030, Portugal apresenta-se como um dos países da União Europeia (UE) a oporem-se à fixação de objetivos neste âmbito.
O Gabinete Europeu do Ambiente (EEB na sigla original) e a organização sem fins lucrativos Feedback EU fizeram um inquérito junto dos governos dos Estados-Membros e mostraram que Portugal, Polónia, Eslovénia e Malta se opõem a qualquer tipo de objetivos vinculativos para reduzir o desperdício de alimentos da exploração agrícola à mesa.
O diretor executivo da Feedback EU, Frank Mechielsen, afirma que “é vergonhoso que países como a Polónia, Malta, Eslovénia e Portugal se oponham atualmente aos objetivos de desperdício alimentar”. Salienta ainda que a fixação de metas é uma grande oportunidade para combater as alterações climáticas e melhorar a segurança alimentar.
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Por outro lado, países como a Roménia, os Países Baixos, o Luxemburgo e a Estónia apoiam a introdução de objetivos juridicamente vinculativos para os Estados-Membros, no sentido de o desperdício alimentar ser reduzido em 50% até 2030.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO na sigla original), cerca de um terço de todos os alimentos produzidos no mundo são perdidos ou desperdiçados em alguma fase da cadeia de abastecimento alimentar, entre a produção e o consumo.
Dados publicados em setembro deste ano mostram que, em 2020, só em Portugal foram desperdiçados 1,89 milhões de toneladas de alimentos. Cada português estragou, em média, 183 kg de alimentos por ano, mais 10 kg do que a média da UE.
As negociações entre o Parlamento Europeu e o Conselho Europeu vão decidir a proposta final e esta será assim a primeira legislação deste género no mundo a ser adotada.