Encerrado em outubro de 2020 para dar lugar a uma infraestrutura mais moderna, o aeroporto Berlin-Tegel, localizado na capital alemã, vai ganhar uma nova vida que nada tem que ver com transportes aéreos. O espaço vai receber um complexo habitacional e uma área dedicada a empresas e ao ensino superior.
Inaugurado à aviação comercial em 1974, em plena Guerra Fria e num período em que a Alemanha se encontrava partida em dois, o aeroporto Berlin-Tegel "Otto Lilienthal", no seu nome completo, tornou-se um marco da cidade alemã.
Conhecido pela arquitetura e formato (hexagonal) peculiar do seu principal terminal, Berlin-Tegel ganhou um simbolismo especial, sobretudo em torno de ter sido um dos principais pontos de fuga para a Alemanha Ocidental, a Alemanha da liberdade.
Com a abertura constantemente adiada do seu sucessor, o aeroporto Berlin-Brandenburg, a infraestrutura de Tegel foi obrigada a continuar a dar resposta enquanto principal aeroporto de Berlim. Inicialmente projetado para um fluxo anual de 2,5 milhões de passageiros, em 2019 foram 24 milhões os passageiros que dali partiram.
A 8 de novembro de 2020, o voo AF1235 da Air France com destino a Paris, operado por um Airbus A320, foi o último a descolar da pista do Berlin-Tegel. Era chegado o momento desta icónica infraestrutura finalmente ceder o seu lugar.
Para o terreno de 500 hectares ocupado pelo antigo aeroporto está em marcha um projeto comissionado pela cidade de Berlim à empresa estatal Tegel Projekt – o Berlin TXL (as mesmas três letras que designavam o aeroporto no código IATA). Compreende os complexos Urban Tech Republic e Schumacher Quartier.
O Urban Tech Republic será um parque dedicado à investigação e desenvolvimento de tecnologias urbanas, que irá primar pela utilização eficiente da energia, construção sustentável, mobilidade ecológica, reciclagem, sistemas controlados por rede e aplicação de novos materiais.
A empresa promotora prevê que até 1000 empresas com um total de 20 mil colaboradores venham a escolher o local para se instalar.
Neste complexo estará também incluído o famoso terminal, que depois de recuperado será a casa da universidade de ciências aplicadas Berliner Hochschule für Technik. No total o campus Berlin TXL deverá contar com cerca de 5000 alunos.
Já o Schumacher Quartier será a zona dedicada à habitação, onde serão exploradas soluções de vanguarda para o fornecimento de energia neutra para o clima e novos modelos de mobilidade.
Compreenderá 5000 habitações instaladas num ambiente urbano vibrante, onde não faltarão creches, escolas e espaços comerciais. Estão ainda previstas mais 4000 habitações para os bairros vizinhos de Cité Pasteur e TXL Nord.
Em comunicado, a Tegel Projekt adianta que a primeira fase de construção dos dois complexos que compõem o Berlin TXL deverá terminar em 2027.
(Fotos: Tegel Project GmbH)