A falta de chuva, as ondas de calor em abril e as temperaturas anormalmente altas para a época arrastaram 40% do território em Portugal para uma situação de seca. O Governo já reconheceu o problema que está a afetar maioritariamente o sul do país.
Depois de ter recebido os dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), a ministra da Agricultura e Alimentação, Maria do Céu Antunes, assinou o despacho que reconhece a situação e que irá permitir comprovar o problema junto da Comissão Europeia e acionar medidas de apoio aos agricultores.
A ministra admitiu que a situação tende a piorar e que a tutela vai “acompanhar com grande proximidade”, cita a Lusa.
De acordo com o índice PDSI – Palmer Drought Severity Index, Portugal tem neste momento 40 municípios na classe de seca severa e 27 em seca extrema.
Por outro lado, e de acordo com a ministra da Agricultura e da Alimentação, das 65 albufeiras hidroagrícolas acompanhadas com planos de contingência aprovados, 60 têm a campanha de rega assegurada graças às chuvas de dezembro e janeiro.
Em declarações à Lusa, o dirigente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Joaquim Manuel Lopes, referiu que o Governo ignorou os sucessivos alertas dos agricultores portugueses em relação à seca, tendo só agora tomado medidas “muito longe do que necessitamos”, referiu.
A situação vai “agravar-se inevitavelmente” e, até outubro, Portugal vai ser “flagelado” pela falta de água e de alimentos e, consequentemente, com o aumento de preços, alertou o dirigente da CNA.
Portugal tem problema de distribuição e não hídrico
A SEDES, uma associação cívica com observatórios dedicados a temas como agricultura, cultura e comunicação social, justiça ou saúde, acredita que Portugal não tem um défice hídrico, mas sim um problema de distribuição.
Numa nota enviada à Lusa, a SEDES salienta que se por um lado tem havido falta de precipitação no sul do país, a norte do Tejo os recursos hídricos são relativamente abundantes. Assim, a associação refere que uma solução poderá ser transferir água de norte para sul.
A associação defende ainda o aumento de reservas e pede ao Governo que conclua os planos de eficiência.