Sustentabilidade

Como é que se pode limpar um dos rios com mais plástico do mundo?

Organização The Ocean Cleanup está a desenvolver um sistema para capturar o plástico que flutua no Rio Motagua, na Guatemala
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É talvez um dos assuntos mais falado quando o tema é a sustentabilidade: o impacto que o plástico tem no ambiente é uma realidade e, nos últimos anos, tem-se procura reduzir substancialmente o uso do material no dia a dia. Governos apostam em medidas para eliminar o plástico de uso único e marcas e empresas procuram alternativas.

No entanto, o problema existe nos nossos dias, e há zonas no mundo em que as quantidades abismais de resíduos plásticos são um problema presente que promete prolongar-se no futuro. O Rio Motagua, na Guatemala, é um desses sítios.

Em 2017, o problema da poluição neste grande rio que desagua no Mar das Caraíbas tornou-se conhecido a nível mundial. Foi nessa altura que a organização sem fins lucrativos dos Países Baixos The Ocean Cleanup, que desenvolve tecnologia para remover plástico dos oceanos, decidiu que queria fazer alguma coisa para ajudar a limpar estas águas e começou a estudar uma solução.

De acordo com a organização neerlandesa, o Rio Motagua poderá ser o rio mais poluído do mundo, sendo que os níveis de plástico podem ser observados por satélites no espaço. Isto acontece porque existe um aterro urbano em cima de um dos afluentes, o Rio Las Vacas.

A The Ocean Clean estima que, anualmente, flutuam cerca de 20 mil toneladas de plástico nestas águas, o que equivale a cerca de 2% das emissões totais deste material para os oceanos.

Para ajudar a contornar o problema, a organização neerlandesa está desde 2018 a estudar uma possível solução, tendo este ano feito o primeiro teste de um sistema a que chamaram Interceptor Trashfence. Este funciona como uma barreira que intercepta e retém o lixo até que os níveis de água baixem, permitindo retirar o lixo com a ajuda de escavadoras e camiões.

Primeiro teste no Rio Motagua

O Interceptor Trashfence tem por base o sistema original criado pela The Ocean Cleanup, capaz de capturar 10 mil kg de lixo antes de ser limpo. No entanto, no Rio Motagua, centenas de milhares de quilogramas de resíduos passam em poucos minutos. Foi necessário escalar o sistema original e foi utilizada tecnologia de proteção de avalanches e derrocadas.

Foi em maio de 2022 que o primeiro teste ocorreu. O Interceptor Trashfence foi colocado no Rio Las Vacas, o principal afluente que leva o plástico até ao Rio Motagua. No vídeo, podes ver um timelapse desta primeira tentativa na Guatemala.

Estendendo-se por 50 metros, de uma margem à outra, e com redes de aço com três metros de altura, inicialmente a barreira aguentou-se firme, capturando grandes quantidades de plástico. No entanto, ao fim de uns minutos, a estrutura começou a ceder sob a força da água e o lixo correu rio abaixo.

Este primeiro teste permitiu perceber o que está a falhar e o que pode ser melhorado. A equipa da The Ocean Cleanup deixou a promessa de que já está a trabalhar num segundo sistema que deverá ser testado num futuro próximo.

(Fotos: The Ocean Cleanup)

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