Opinião
João Barros Oliveira
Nascido em Lisboa, em 1977, fez formação superior em Ciências da Comunicação e em Marketing. Esteve ligado a vários projetos editoriais na área automóvel enquanto jornalista e editor, para depois se dedicar por inteiro ao Marketing e à Gestão de Marcas em agências de comunicação e publicidade de renome. Adora SUP de ondas e desde criança que não perde um Grande Prémio de F1.

O Mundo ainda é feito de muitas pessoas boas

Um pequeno gesto altruísta e de rara generosidade deixa-me otimista quanto ao futuro, até mesmo relativamente a temas fraturantes como as alterações climáticas
Texto
Portagem em autoestrada
Portagem em autoestrada

Na semana passada aconteceu-me uma situação extraordinária. Talvez insignificante do ponto de vista da casualidade e até bastante simples numa primeira impressão, mas deixou-me a pensar e, por isso, achei que merecia ser partilhada.

Estava de carro a entrar na autoestrada A5, em direção a Cascais, e dirigi-me a uma das cabinas de portagem. Com o vidro aberto e já de braço estendido com o cartão multibanco na mão, ouço o portageiro dizer-me que a portagem já estava paga.

- Como assim, já está paga? – perguntei eu.

- A senhora do carro à frente pagou a sua portagem – responde o portageiro.

Olho de imediato para a frente e vejo o carro que tinha acabado de sair da linha de portagem onde me encontrava. Desejei um bom dia ao portageiro e arranquei. Um ou dois quilómetros mais à frente ultrapasso “o tal” carro e, inevitavelmente, olhei para o lado. Ao volante estava uma senhora que me sorriu de forma franca, ao que eu respondi também com um sorriso e um aceno com a cabeça, em jeito de agradecimento.

Porque teria feito aquilo? – fiquei eu a pensar. Por nada, mas também por tudo. A pessoa em causa não me conhecia e nem tinha intenção de conhecer. Fê-lo simplesmente por se sentir bem. Talvez porque estivesse feliz com alguma coisa em particular e quisesse partilhar a sua felicidade com o mundo. Nunca saberei.

O momento foi insólito, sem dúvida, mas mais do que isso, foi um raro gesto de generosidade para com o outro. E a verdade é que também me fez sentir bem. Também eu fiquei com um sorriso nos lábios, a pensar que (afinal) a vida é bela e que o Mundo (ainda) é um local bonito para se viver.

Situações como esta que vivi levam-me a considerar que é importante não perdermos a esperança de que é possível vivermos num Mundo melhor. Com mais paz, maior prosperidade e mais respeito e igualdade entre pessoas e povos. Basta que cada um de nós faça algo mais pelos outros. É importante lembrarmo-nos, a todo o momento, que não estamos sozinhos. Que as nossas vidas estão constantemente a cruzar-se com outras e que todas as ações que tomamos têm impacto nos demais.

Tais considerações remetem-me para um tema bem presente e de uma escala totalmente diferente, o qual envolve líderes mundiais, governantes, indústrias e organizações das nações de todo o Mundo – o clima e a sustentabilidade ambiental. No que diz respeito à tomada de decisões que possam afetar outras pessoas, tanto no presente como no futuro, estes têm uma responsabilidade obviamente acrescida.

Com o fim da cimeira do clima COP26, na qual participaram quase 200 países, apesar de alguns avanços, ficou a sensação de que muitos dos objetivos a que se propunha em prol do ambiente não foram alcançados, nem os planos para a redução do aquecimento global foram devidamente concretizados. Esta é, inclusivamente, a opinião do secretário-geral da ONU, entidade organizadora da cimeira, António Guterres.

Ainda assim, julgo que podemos olhar com esperança para o acordo alcançado entre as nações participantes. Provavelmente, o fim dos combustíveis fósseis é uma realidade que ficará mais distante do que muitos de nós gostariam, mas não devemos perder a esperança de que haverá um ponto de inversão que nos permitirá caminhar no sentido de um planeta mais limpo.

Eu tentarei não perder o otimismo e continuarei a acreditar que o Mundo ainda é feito de muitas pessoas boas, como aquela simpática senhora que resolveu pagar a minha portagem. Tal como ela, só precisamos de agir e não nos deixarmos ficar pelas intenções.

Nascido em Lisboa, em 1977, fez formação superior em Ciências da Comunicação e em Marketing. Esteve ligado a vários projetos editorias da área automóvel enquanto jornalista e editor, para depois se dedicar por inteiro ao Marketing e à Gestão de Marcas em agências de comunicação e publicidade de renome. Adora SUP de ondas e desde criança que não perde um Grande Prémio de F1.

 João Barros Oliveira, escreve esta crónica a convite da AWAY Magazine.

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