Depois de muita controvérsia e discussão pública os parisienses vão ser convidados a votar para decidir o futuro das trotinetes elétricas de aluguer na capital francesa. O referendo público municipal irá decorrer já no próximo dia 2 de abril de 2023.
Em recente entrevista ao Le Parisien, Anne Hidalgo, presidente da Câmara de Paris reconhece que o tema da micromobilidade partilhada divide opiniões, mas que face aos constantes problemas causados pelas trotinetes é altura de dar voz aos habitantes da cidade luz.
Hidalgo assume que ela própria está inclinada para uma proibição total da atividade de aluguer ao mesmo tempo que assegura que a votação não irá impactar as trotinetes particulares (que poderão manter-se em circulação), mas reconhecendo opiniões divergentes optou por dar voz aos residentes em referendo a realizar dia 2 de abril em toda a cidade.
A pergunta será simples: "Continuamos ou não com trotinetes elétricas de aluguer?"
O problema de Paris é idêntico ao mesmo pelo que passam atualmente tantas outras capitais europeias e mundiais. O desrespeito por regras básicas do código da estrada, de conduta e civismo tem tornado um verdadeiro caos as estradas, passeios, acessos a monumentos e até o fundo do rio Sena, onde vão parar inúmeras trotinetes.
Uma proibição tornaria Paris uma exceção entre as grandes cidades mundiais, mas seja qual for a decisão dos cidadãos a questão já está a provocar uma séria discussão sobre as regras e vantagens da micromobilidade partilhada. O tema está lançado.
Lisboa vai ter zonas de parqueamento, velocidade limitada e redução do número de trotinetes
Os entusiastas da micromobilidade defendem que as trotinetes elétricas partilhadas mudaram o panorama da cidade para melhor. Os cidadãos deslocam-se mais rápido e de forma mais ecológica numa cidade cujos transportes públicos circulam normalmente sempre muito cheios. Defendem ainda que em termos de emissões poluentes as trotinetes elétricas são uma opção racional aos automóveis.
Em setembro de 2022, a France24 noticiou que a autarquia de Paris ameaçou os três operadores locais (Dott, Lime e Tier) com a não renovação das licenças, que expiram em março deste ano caso não limitassem a condução imprudente e outros desvios de regras.
Dois meses depois os vários operadores apresentaram uma série de melhorias sugeridas, incluindo equipar as E-scooters com placas de identificação o que permite rastreio do condutor infrator, por exemplo, na passagem por um sinal vermelho.
Para além disso os operadores acordaram em implementar tecnologia que limita a utilização das trotinetes a único utente já que a utilização por duas pessoas em simultâneo é recorrente.
Em declarações à Agência France Press, David Belliard, responsável pelo pelouro local de mobilidade, alinha com as ideias da Presidente e vai mais longe referindo que tem vários feedbacks negativos da população e que a análise custo/benefício é prejudicial à cidade.
A decisão está agora nas mãos dos habitantes de Paris. Dia 2 de abril a realidade de Paris pode mudar.