A vida é feita mudanças que nos criam novos caminhos e rumos. Nunca estamos verdadeiramente estagnados e, às vezes, basta uma decisão para mudarmos a nossa história. Isabel escreveu um novo capítulo quando foi atrás de um sonho antigo, o de ter o seu negócio próprio e conseguir “um pouco de independência financeira”.
Decidiu deixar um emprego dito estável, criou a sua própria empresa e tornou-se condutora de TVDE - Transporte Individual e Remunerado de Passageiros em Veículos Descaracterizados a partir de Plataforma Eletrónica - em setembro de 2019. O carro escolhido foi um elétrico, o Nissan Leaf, e, até agora, a motorista admite que foi a melhor escolha que podia ter feito. Era a primeira vez que se afastava de um veículo com motor a combustão.
“Sempre conduzi um carro normal, com combustível, a mudanças, tudo. Nunca tinha conduzido um carro automático muito menos elétrico. Adaptei-me muito bem. É superconfortável e silencioso. Para além disso, agora estou a descobrir as maravilhas de um carro automático", começa por contar Isabel.
"Para este tipo de trabalho [um carro elétrico] é o melhor, até porque Lisboa é cheia de colinas [risos]."
A escolha de um veículo elétrico foi ponderada. No entanto, não foi a pegada ambiental o principal fator decisor. Isabel procurava um carro que lhe desse a garantia de um bom rendimento enquanto condutora e, como em 2019, os carregamentos de rua ainda não eram pagos, Isabel viu a oportunidade de poupar nessa vertente.
Quando em junho de 2020 estes carregamentos deixaram de ser gratuitos, Isabel percebeu que a poupança já não era assim tão grande. “Quase que estão ao mesmo nível dos preços do combustível.” Por isso, foi à procura de alternativas mais baratas para carregar o carro. Ligou para o stand e perguntou se poderia carregar em casa. Disseram que sim e Isabel ligou o seu Leaf à tomada.
Logo no primeiro mês viu a diferença. De uma fatura de 350 euros, por mês, a carregar na rua, passou para uma de menos de 200 euros já incluindo a eletricidade que usa em casa.
O dia a dia a conduzir um elétrico
Um carregamento completo dá normalmente para um dia de trabalho.
Só se houver viagens mais longas é que Isabel por vezes tem de parar num posto de carregamento rápido. “O carro tem autonomia para 270 km e raramente faço mais do isso. A viagem mais longa que fiz foi para Leiria. Para chegar lá gastei a bateria toda e para regressar tive de fazer um carregamento rápido”.
Talvez o maior inconveniente de ter um elétrico é a necessidade de parar por mais tempo quando a bateria começa a chegar ao fim: “há sempre o risco de não conseguir levar a pessoa a determinados destinos. Em dois anos, nunca aconteceu, mas sei que se um dia me aparecer uma viagem para o Algarve, vou ter de explicar que a autonomia do meu carro elétrico obriga a parar a meio do caminho. Depois o cliente logo decide se quer cancelar o pedido.”
Num mundo em que tanto se fala de encontrar alternativas mais sustentáveis, Isabel tem notado que há cada vez mais pessoas a procurar veículos elétricos, porque “é o futuro, não polui e é uma questão de preocupação ambiental”. E, como não há muitos carros ditos green, por vezes, Isabel recebe pedidos pouco interessantes de “pessoas a 20 quilómetros de mim para viagens no valor de dois euros”.
Já há dois anos a usar o veículo elétrico como “ganha-pão”, Isabel já é capaz de fazer um balanço. E a verdade é que tem sido muito positivo: “Um carro a combustível tem as suas vantagens porque não é tão limitativo em termos de autonomia. Ainda assim, para trabalhar, o carro elétrico é ótimo e compensa. Os clientes também adoram o carro e muitos deles comentam o conforto.”
(Fotos: Todos os direitos reservados - Agradecimentos: Isabel, pela história)